quinta-feira, 4 de julho de 2019

DIÁRIO CULTURAL DE INDIAROBA III: JUNHO DE 2019



O VENTO E OS COQUEIRAIS
“Ô canoeiro Bota rede
Bota rede no mar
Ô canoeiro Bota rede no mar
Cerca o peixe Bate o remo
Puxa corda Colhe a rede
Ô canoeiro Puxa rede do mar” (Pescaria/Dorival Caymmi)

O tempo e sua relação com o homem e a natureza deveria ser o personagem deste texto. É o tempo fluindo naturalmente e ao mesmo tempo mutando como em Heráclito, só que agora no Rio Real que começa na Bahia e passa por Indiaroba.

“O filósofo Heráclito disse que “ninguém se banha duas vezes no mesmo rio”. Ele era um desses pré-socráticos cuja filosofia surgiu da observação constante da natureza e dos homens.

Heráclito queria registrar a mudança constante das coisas, e o rio lhe serviu como imagem perfeita. Ao longe parece estar parado, imóvel, mas quando o vemos de perto percebemos que ele é uma coluna horizontal de água em deslocamento constante. As águas que nos tocam, quando entramos nele, vão embora para sempre, um instante depois.”

Ao acordar e abrir as janelas do quarto, seja três ou oito horas da manhã, o que vislumbramos é a paradisíaca imagem que integra o rio, os barcos, os pescadores, o mangue seco ao lado, os caranguejos, os coqueiros, o vento e o tempo que flui como uma prosa que conta histórias devagarinho.
O tempo que conduz o barco e fala ao ouvido do homem o tempo de sair e de voltar. O tempo que marca o compasso das conversas no bar de frente ao rio. O tempo quase invisível no rio que flui e é tão espontâneo que não vemos. Como em Heráclito, parece parado mas o barco que sai de manhã sabe que é outro rio quando volta na tardinha que escurece.

E os coqueiros e seus frutos esvoaçam na madrugada que se anseia mais fria que o clima do Nordeste e também parecem obedecer aos caprichos do tempo.

1-   Braulio Tavares/ O rio de Heráclito


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