domingo, 20 de maio de 2012

A POÉTICA DAS LAVADEIRAS DE SALVADOR

Há 40 anos, os moradores que viviam em torno do Museu de Arte Moderna da Bahia, da comunidade Solar do Unhão, só visitavam o local com latas na cabeça para buscar água potável.

Desde a última sexta (18), porém, eles são vistos como personagens da obra "Água de Chuva no Mar", por ocasião da mostra "Estranhamento Possível", da dupla Maurício Dias e Walter Riedweg, que apresenta ainda outras quatro videoinstalações.

"Água de Chuva no Mar" é o mais recente trabalho dos artistas, que costumam criar obras a partir do contato com grupos específicos. No caso de "Água...", a temática partiu das lavadeiras que vivem próximas ao museu, com as quais os dois conviveram por um mês.

A água, aliás, é um elemento que une alguns dos trabalhos apresentados. Ela está presente na videoinstalação "Juksa" (2006), que aborda o fim da pesca a partir de relatos dos últimos habitantes de uma pequena ilha no Pólo Norte. A vida em outra ilha é ainda abordada em "Paraíso Cansado", sobre o cotidiano da Gran Canaria, na Espanha.

"Água..." apresenta relatos bem humorados das lavadeiras mesclados a fotografias antigas do acervo do museu, junto com fotos antigas delas próprias, além de imagens da Festa de Iemanjá. "Elas falam com afeto e doçura de algo que não é tão doce assim, afinal elas recebem apenas R$ 30 por 150 peças de roupa lavada", afirma Dias.

A mostra da dupla, que no próximo ano comemora duas décadas de trabalho conjunto, apresenta ainda "Deus é Boca" (2002) e "A Casa" (2008), na qual vivem os protagonistas.

Reportagem completa na Folha de São Paulo: www.folha.uol.com.br

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
FOTO: Divulgação
ESTRANHAMENTO POSSÍVEL
ONDE Museu de Arte Moderna da Bahia (av. Contorno, s/nº, Solar do Unhão, Salvador; tel. 0/xx/71/3117-6139)
QUANDO de ter. a sex., das 13h às 19h, sáb. e dom., das 14h às 19h. Até 22/7
QUANTO grátis

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