quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010




Entrevista para o blog Arte Brasil
Compositor Andersen Viana


É com grande satisfação que nesta edição entrevistamos o brilhante compositor brasileiro Andersen Viana, que expõe sua visão sobre o mundo musical e outras questões que envolvem a sociedade brasileira, o mercado, a política e sobretudo a criação artística. Com a palavra, Andersen Viana !


1) ( Pergunta Aldo Moraes ) Andersen é um prazer ter você falando com o público que acompanha nosso blog. Poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória?


( Responde o compositor Andersen Viana )

Claro.

Nasci em Belo Horizonte (MG) em 1962. Iniciei meus estudos musicais aos 12-13 anos estudando violão com o Prof. Nelson Piló e em casa sob orientação de meu pai, posteriormente me matriculando na Escola de Música da UFMG. Finalizo o Doutorado em Música pela Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, e especializei-me em Música para Cinema nas seguintes instituições musicais no Brasil, Itália e Suécia: Reale Accademia di Bologna, Arts Academy of Rome, Accademia Chigiana di Siena, Royal University College of Music de Estocolmo e UFMG. Tive como professores: meu pai - Sebastião Vianna, revisor de Villa-Lobos - Ennio Morricone, R.Gnatali, Oilliam Lanna, A.Bosmans, Paulo Bosísio, entre muitos outros. Recebi 20 premiações no Brasil e exterior, incluindo: 1º Lugar no Concurso Internacional de Composição ”Lys Music Orchestra 2001”, na Bélgica, 1º Lugar e “Prêmio do Público” no Concurso Internacional de Composição Lambersart 2006”, na França.


Em meu catálogo atual constam 267 obras, compostas para vozes, instrumentos acústicos e eletrônicos. Em 2002, realizei uma das raras gravações de um maestro-compositor brasileiro na direção da renomada orquestra européia Moravska Filamonie, da República Tcheca e em 2007 gravei minhas obras com a Orquestra Russa Estatal de Cinema em Moscou. Além da música trafego em outras áreas da cultura. Após ter freqüentado oficinas de textos, roteiros de cinema com Ana Miranda, Paulo Halm e Cláudio Mac Dowell, lancei em 2005 meu primeiro livro de ficção: Contos Cinematográficos Volume I. Tenho desenvolvido estudos e trabalhos nos seguintes países além do Brasil: Bélgica, EUA, Suécia, Grécia, Honduras, Itália, França, Portugal, Rússia, República Tcheca, Reino Unido e Bulgária.


Atualmente atuo como maestro-compositor, produtor cultural e leciono diversas matérias musicais no Palácio das Artes e Música de Cinema, na Escola Livre de Cinema, ambos em Belo Horizonte, além de eventualmente ministrar palestras em universidades pelo país e exterior. No âmbito do cinema que atualmente me interessa, compus e produzi música para os seguintes filmes: A Cartomante, Retalhos do Taquaril (Claudio Costa Val), Bem Próximo do Mal, Jogando para o Amanhã, O Próximo Passo, Gun’s Speech, Trem Fantasma, 3:00:AM (Sérgio Gomes), Corações Ardentes (Ray Evans), Filhos de Adão (Afonso Nunes), Perdidos em Abbey Road (Denis Curi), Vivalma (Rubens Câmara), Manuelzão e Bananeira (Geraldo Elísio), Ofélia (Fernanda Marçola), Opostos (Eduardo Rennó), Minas Portuguesa (Paulo Augusto Gomes), O Homem da Cabeça de Papelão (Carlos Canela), Condenado (Carlos Magno e Carlos Canela) e Ser Humano (Fernado Pinheiro).


DISCOS GRAVADOS: Orchestra Virtual (1995), Sinfonia 2 (1998), Moravian Philharmonic Orchestra (2002), A Nova Música de Minas (2004), The Russian State Symphonic Orchestra (2007), Paisagem Lunar: Moonscape (2009)




2) Tenho acompanhado muitas noticias sobre você nos últimos anos. Pode nos falar como é o seu processo de criação?


Desde as mais remotas eras o ser humano procurou um meio de expressar-se. Ora para aplacar as forças da natureza, para invocar as divindades que as governavam, ora para celebrar algo que fosse importante para o grupo, representando de formas variadas fenômenos e seres ao seu redor. O canto de um Xamã invocando as divindades, esculturas entalhadas em pedra, imagens e pinturas representativas de animais, deuses e semideuses são os primeiros passos da grandiosa aventura criativa da civilização. A priori não poderia existir uma única fórmula que fosse apreendida e ensinada como um padrão efetivo no processo da criação conceitual e artística.


O dilema e a grande dificuldade de qualquer forma de expressão de arte atualmente existente – ou a ser ainda desenvolvida – residem também na multiplicidade e diversidade da natureza do meio do realizador, bem como de seu modus operandi. Se por um lado as facilidades trazidas pela moderna tecnologia realizam tarefas de extrema complexidade nunca antes imaginadas a um custo de produção muito baixo, a profunda compreensão dos meios de criação e produção de nossos antepassados não está tendo a devida atenção. Essa constatação remete-nos a uma padronização conceitual e intelectual de baixo nível, superficial, com pouco conteúdo, baseando-se em valores que se estruturaram e se consolidaram nos últimos trinta anos.


Esses mesmos valores e conceitos são direcionados exclusivamente pelo mercado, com suas relações de investimento e retorno financeiro, gerenciados pela fórmula dos quatro pês (do marketing). Loops, templates, samplers, copy and paste são alguns exemplos do processo criativo contemporâneo. A técnica – computacional ou não – substituiu a criatividade e o processo de "artesanato artístico" por algo já esperado, padronizado e pasteurizado. Os fazedores de arte e de cultura reproduzem padrões, as agências anunciam, os comerciantes vendem e o público consome. Uma cadeia que nos remete a um conto de João do Rio, do início do século XX: O homem da cabeça de papelão. Felizmente, na "contracultura da mediocridade" anda a grande maioria dos escritores e dos cineastas, teatrólogos, pintores, companhias de balé e alguns músicos e grupos musicais alternativos, os quais desenvolvem produtos, idéias e conceitos inovadores que podem trazer visões realmente diferenciadas em um mundo em constante transformação.



3) Você tem idéia de quantas obras musicais já escreveu? 267, um pouco mais, um pouco menos.


3.1) E os recitais e concertos que foram memoráveis para você?


1980: Recital no Minas Tennis Club como flautista solo, 1989 Instrumental de Casaca em parceria com o pianista Eduardo Hazan, 1986 Suite Floral Sala Funarte Sidney Miller, 1992 Amazônicas n1 na Sala Palestrina da Embaixada do Brasil em Roma, 1995 Orchestra Vistual, Gravação do Noneto de Estocolmo, 2002 Gravação com a Moravska Filarmonie (República Tcheca), 2007 Gravação com a The Russian State Cinema Symphony Orchestra em Moscou, 2009 Paisagem Lunar: Moonscape Teatro Sesi Holcim.

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