Em entrevista concedida ao jornalista Aldo Moraes, o
produtor cultural, militante político e carnavalesco Bene Macedo fala sobre sua
trajetória, seu envolvimento com a música e o universo do carnaval e do samba. Também comenta seu papel como voluntário da Escola de samba Explode Coração e do projeto O Samba atravessa Londrina:
Blog: Olá Bene é um prazer ter você
falando com o público do blog Arte Brasil. Fale um pouco de sua infância e
início de sua trajetória na cultura:
Bene: Nasci em um
berço totalmente sertanejo, apesar de ser oriundo de família negra mas meus
pais, digo meus pais por que minha mãe e meu pai eram cover da dupla Cascatinha
e Inhana. Cresci indo vê-los nos festivais sertanejos, cantando para os
vizinhos nos domingos a tarde e em apresentações nas rádios Auri Verde e
Londrina.
Blog: Como é sua relação com a música
em geral e em especial com a cultura popular de raiz negra?
Bene: Eu gosto
de música, já tive banda de rock, dupla sertaneja, acompanhei folia de Santo
Reis, grupo de dança Funk, já fiz letras de RAP pra uns MCS que me
pediram, já tive som eletrônico onde tocava de tudo e essa experiência foi
importante por que mesmo que eu não goste de um ritmo, tendência ou estilo
musical eu entendo a importância do que tudo isso representa para cada artista
e eu sei respeitar.
Blog: Bene, conte sobre sua experiência
com escola de samba e com o carnaval:
Bene: Nos anos
90 eu recebi um convite da diretoria da extinta escola de samba aqui da zona
oeste de Londrina, Navegantes do Mar Azul para interpretar o samba enredo,
disse que aceitaria o convite mas queria fazer mais pelo grêmio e não
simplesmente cantar o samba. Sentei com o compositor da escola, “Puninho” e
fizemos o enredo e o samba. A partir dai foi uma verdadeira paixão, me descobri
no samba onde estou até hoje.
Na
Navegantes só participei esse ano mas dai por diante juntamente com o próprio
Puninho tivemos grupo de pagode”Sem Vacila Samba” por uns oito anos, depois
participei em uma outra banda também de samba, isso já nos anos dois mil, Ky
Sedução até 2002 que apesar do pouco tempo, fizemos um trabalho mais
profissional, inclusive com a gravação de um cd onde tivemos uma das faixa
“Porto Seguro” que foi durante algum tempo uma das músicas mais executadas nas
rádios da região, musica que toca até hoje. Em 2002 recebi um convite para
cantar em um grupo de samba no Reino Unido, um grupo de jovens intercambistas
que montaram uma banda de samba lá, o cantor tinha se desentendido como grupo e
o convite chegou de forma inesperada através de meu email. Fiquei seis meses
e foi o suficiente para entender que o samba realmente não tem fronteiras.
Blog: Quais suas grandes influências
musicais na área do samba?
Bene: Por
incrível que pareça eu não tenho nenhum cantor ou cantora que me influenciaram,
não sei dizer, se dissesse estaria pecando, tem muita gente boa nessa área. Eu
penso que a diretoria da “Navegantes do Mar Azul, juntamente com o prórpio
“Puninho”, esses sim foram responsáveis, talvez eles tenham me influenciado
mais que qualquer um quando me colocaram no mundo do samba e me deixaram
explorar a riqueza inenarrável que tem esse mundo.
Blog: Bem, recentemente você iniciou
uma parceria com o PROMIC para o projeto O SAMBA ATRAVESSA LONDRINA que
valoriza e preserva a cultura popular como samba, maracatu e dança. Como é essa
parceria inédita?
Bene: Na
verdade eu preciso ser coerente, quem tem a parceria com o PROMIC não sou eu e
sim a Escola de Samba Explode Coração, foi a escola que me convidou para
coordenar esse projeto. É um projeto na verdade deu muito certo e está indo
para sua quarta etapa e que vem tentando resgatar as escolas de samba das
regiões da cidade. A proposta e despertar o desejo e fazer com que as pessoas
voltem a ter o gosto por forma de manifestação, pois isso se perdeu com o tempo
na cidade por várias razões e um projeto como “O Samba Atravessa
Londrina” pode fazer fomento, resgate e descobrimento desse formato tão
tradicional no pais, além do que o próprio grêmio mantém sua musculatura
atualizada.
Blog: Este ano, O Samba atravessa
Londrina publicou uma revista histórica com um pouco da história do povo negro
em Londrina e da cultura popular nessa região do Paraná. Fale um pouco desse
trabalho que está repercutindo muito:
Bene:
Então, a idéia da revista foi tratar justamente da questão do resgate através
da memória, mostrar que não estamos tratando de nada novo na cidade, mostrar
que as escolas de samba de Londrina já foram responsáveis não só pela questão
do entretenimento mas também responsável pela divulgação do município e
por movimentar todo o comércio local. Além do que, precisamos mostrar para as
pessoas que o negro fez e faz parte da história daqui. Quando nos vemos em um
livro ou em um recorte de jornal nos valorizamos mais, é como se fosse um
espelho mágico que nos devolvesse a juventude a vontade de continuar fazendo
cada vez mais e melhor. O negro faz muito pela cidade o tempo todo, e isso tem
que ser contado pelo próprio negro, para que as pessoas saibam e não se
esquecem nunca mais.
Blog: Atualmente, a Explode Coração é
uma das mais atuantes escolas de samba do Paraná. Conte sobre esse desafio:
Bene: Eu penso que está pergunta deveria ser feita
para a diretoria do grêmio, pois o que eu vejo é um tratamento muito
responsável com a com a saúde fiscal, a elaboração, execução e prestação de
contas dos projetos e propostas e um carinho enorme e muita valorização
da comunidade, acredito que isso são elementos preponderantes para o sucesso de
qualquer entidade quentinha essa finalidade.
Blog: Agradeço sua entrevista e
peço que deixe um recado ao nosso leitor:
Bene: Eu que
agradeço a oportunidade de estar falando de um tema que muito me deixa feliz,
me coloco a disposição. Um grande abraço a todos do blog e aos leitores e
fiquem sempre em paz.
Mais sobre a Escola de samba Explode Coração e seus
projetos:
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