versos de Eduardo de Oliveira em homenagem a Patrice Lumumba, no seu livro “Banzo”, de 1965:
“Eu sei, eu sei que sou um pedaço d’África
pendurado na noite do meu povo.
Trago em meu corpo a marca das chibatas
como rubros degraus feitos de carne
pelos quais as carretas do progresso
iam buscar as brenhas do futuro.
Eu sei, eu sei que sou um pedaço d’África
pendurado na noite do meu povo.
Eu vi nascer mil civilizações
erguidas pelos meus potentes braços;
mil chicotes abriram na minh’alma
um deserto de dor e de descrença”
dois quartetos do soneto, escrito 32 anos depois, também em homenagem a Lumumba:
“Sobre sua cabeça congolesa
cada cabelo seu representava
uma esperança pelo ideal acesa
de sua raça incrivelmente escrava.
Alma sem cor, à liberdade presa,
sorria auroras quando agonizava
e a lágrima do Congo, de tristeza,
transformava-se na mais ardente lava.”
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