terça-feira, 1 de novembro de 2011

Política pública para educação deve considerar o comportamento dos alunos, diz Nobel de Economia



“Se ignorarmos as competências comportamentais, acabamos fazendo políticas públicas insuficientes para a educação, como a escola tem feito hoje em dia”, disse o professor de economia da Universidade de Chicago e Prêmio Nobel de Economia, James Heckman. Ele participou, no dia 25/10, do “Seminário Educação para o Século 21”, em São Paulo (SP).

As competências não cognitivas ou comportamentais são as socioemocionais, ligadas à autonomia, motivação, sociabilidade e equilíbrio emocional, consideradas importantes para o desenvolvimento pleno do indivíduo. Segundo o economista, apesar de serem consideradas igualmente relevantes no ensino, elas têm permanecido ignoradas ou em segundo plano nos sistemas educativos.

Para Heckman, estimular competências além das acadêmicas é dever da escola, uma vez que elas poderiam reduzir déficits de aprendizagem. “Há problemáticas que se manifestam desde o início da vida escolar. Essas características comportamentais conseguem prever uma série de desfechos na vida”, afirmou. Assim, se percebidas logo cedo, as escolas poderiam implantar ações para, por exemplo, impedir evasão no ensino médio.

“Sabemos que a interação da escola com alunos tem importância nos diversos estágios de vida da criança”, completou. Heckman ressaltou ainda que há necessidade de pensar mais na educação infantil. “É bom estimular a concentração em crianças bem novas ou colocá-las em ambientes que aprendam a cooperar entre si, entre outras coisas.”

A ideia do economista é que as escolas pensem em projetos de engajamento social e mudem o foco dos currículos para dar mais atenção as competências não cognitivas. “Devemos passar para uma abordagem mais inovadora do currículo e pensar mais amplamente sobre como integrar professores e mudar a natureza do ensino neste século 21, criando relações da escola com o mundo externo”.

O especialista explicou que o progresso na escola depende também das competências não cognitivas, acontecendo o mesmo no trabalho. “O salário de uma pessoa pode variar em razão do QI [Quociente de inteligência] em 3%, mas para pessoas que trabalham de forma esforçada – uma competência comportamental –, pode variar em 10%. O QI tem aproveitamento pequeno. Outras dimensões são importantes: a personalidade, a abertura ao diálogo, o ser extrovertido e agradável.”

Além disso, o economista acredita que o traço fundamental para o sucesso é a conscientização. “A inteligência exerce um papel importante na vida dos estudantes, mas a conscientização é mais relevante. Não basta simplesmente tirar notas altas”, concluiu.

Fonte: Desirèe Luíse

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