Apontado por críticos e artistas, nacionais e estrangeiros, como um dos principais músicos brasileiros da atualidade, Guinga comemora 71 anos (completados na quinta, 10) com o lançamento de Zaboio, álbum raro, pois é o primeiro inteiramente composto por ele.
São 11 faixas, apenas com voz e violão, que imprimem a memória afetiva do artista, marcada pela nostalgia de um tempo remoto. “Esse disco é um retrato fiel da minha alma”, diz Guinga ao Estadão. E essa memória se distribui entre as faixas – a começar pela que abre o disco, Sábia Negritude, homenagem à Mãe Tainha, cozinheira que lhe provocava medo quando pequeno e que hoje é reverenciada por sua sabedoria ancestral.
Já em Meu Pai, a segunda faixa, ele redescobre imagens da infância a partir de um breve perfil da figura paterna . Aliás, o verso “Habitará meu pai a encruza?” remete ao cruzamento de quatro ruas da Vila Valqueire, bairro da zona oeste do Rio, local visitado por Guinga até hoje, quando se recorda do pai, da infância e adolescência.
Em sua lista de homenagens, o músico presta devoção ainda a Sérgio Mendes, em Tangará, e na canção Casa Francisca faz referência ao famoso espaço musical paulista, conhecido pelos grandes shows lá apresentados.
Canção que dá nome ao disco, Zaboio remete à sua infância, em Jacarepaguá, então uma área rural e onde ele cuidava dos cavalos dos tios. O desgosto com tal função é retratado na letra da música.
Em seu trabalho ao longo da carreira, Carlos Althier de Sousa Lemos Escobar (seu verdadeiro nome) sempre buscou o talento de compositores e o colorido de vozes de um time de craques, como Aldir Blanc, Nei Lopes, Chico Buarque e Paulo César Pinheiro, para citar alguns. E suas composições foram parar nos repertórios de Elis Regina, Leila Pinheiro, Michel Legrand, Sérgio Mendes, Clara Nunes e Ivan Lins, entre outros.
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