terça-feira, 30 de junho de 2020

SEMANA MUNDIAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO: ARTIGO DE CÁSSIA KANARSKI CAMPANINI



FALA PROFESSORA: EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA
Cássia Kanarski Campanini
Professora Alfabetizadora
Acadêmica do 4º ano de Pedagogia
Universidade Estadual de Londrina - UEL

Ao tratarmos da atual situação a qual as sociedades foram expostas, pode-se dizer que inúmeras mudanças foram provocadas pelo novo coronavírus que de forma devastadora, atingiu todos os segmentos, como a economia, a política, as relações sociais e consequentemente, a educação.

            A nova pandemia foi a responsável por mudanças repentinas nos modelos de ensino, onde profissionais da educação se encontraram diante de imposições tecnológicas implementadas pelo governo, afim de dar continuidade a uma educação remota, utilizando-se de ferramentas pouco eficientes, uma vez que, professores e estudantes foram apresentados a tais recursos sem preparação prévia para dar funcionalidade a este modelo, pois, sabemos que, além dessas condições precárias do ensino a distância em um país como o Brasil, onde se evidencia que uma parcela reduzida da população tem acesso a esse modelo de ensino. O processo de ensino-aprendizagem acontece pela relação direta estabelecida entre professor-aluno no ambiente físico da sala de aula, que permite uma maior interação com criação de vínculos afetivos, emocionais e sociais, fatores estes, que influenciam diretamente a vida dos estudantes, pois a transmissão de conhecimento ocorre através das relações humanas que preparam os indivíduos para viver em sociedade.
          
  O modelo de ensino a distância (EAD) tem sua funcionalidade estabelecida a partir da autonomia de cada estudante, que deve possuir maturidade para a garantia de plena aprendizagem. Em um segmento real, que foge do que é posto na mídia pelas instituições governamentais, a fim de tranquilizar uma parcela da população que não conhece a realidade de uma sala de aula, a educação remota não abrange todos os estudantes, uma vez que, crianças englobadas na educação infantil e no ensino fundamental, necessitam da mediação de um professor, já que este, ao longo de sua formação acadêmica obteve preparação para transmitir conhecimentos que garantam o desenvolvimento integral de um indivíduo que atuará e influenciará diretamente e ativamente a sociedade da qual se encontra inserido. Além do fator social, onde alunos da escola privada desfrutam integralmente do acesso as condições tecnológicas em um ambiente familiar favorável ao desenvolvimento do ensino, por outro lado, evidenciamos os alunos das escolas públicas de um país onde a educação nunca foi prioridade, o que acarretou a falta de acesso com qualidade a estas mesmas ferramentas, criando um ambiente frustrante para profissionais das instituições, estudantes e também para as famílias. 

O pouco acesso que atinge alguns alunos, ocorre através da mediação e do trabalho incansável de docentes, diretores e pedagogos, que extrapolam suas cargas horárias de trabalho, com o objetivo único e claro de alcançar seus estudantes. E, mesmo com todo o esforço, ainda presenciamos o descaso por parte de uma sociedade que culpabiliza os profissionais pelo ensino falho. Mas, como desenvolver um trabalho digno e de qualidade se as ferramentas não são disponibilizadas a nossos educadores e educandos? 
 
Tal questionamento, assim como tantos outros que estão relacionados a educação, ainda são incógnitas que não foram respondidas pelo sistema de ensino, pois este não se consolida nas gestões das políticas educacionais, fator evidenciado pela falta de comprometimento de um estado que disponibilize um ensino de qualidade, já que, os interesses dos governantes, prezam pela teoria de que todos os recursos funcionam, e não pela prática que garantam essa funcionalidade. 
 
Não voltaremos a normalidade, aprendemos que a história não retrocede, mas em tempos como este, devemos ser capazes de criar empatia pelo outro, ser solidário e aprender que o egoísmo distancia, devemos voltar diferentes. A grande lição é a de que devemos voltar a ser “humanos”.



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