Escritor
de "Samba de Uma Noite de Verão" participa de cerimônia no Auditório
Ibirapuera em São Paulo e comemora recente premiação de outra obra pela
Fundação Cultural do Pará
Na
noite desta quinta-feira, um londrinense será o primeiro autor a subir o
palco do Auditório Ibirapuera para receber o troféu mais desejado da
literatura brasileira. Contemplado em terceiro lugar na categoria
Adaptação do 59° Prêmio Jabuti, o jornalista Renato Forin Jr. divide o
pódio com Walcyr Carrasco e Rodrigo Machado. O reconhecimento vem para o
seu primeiro livro, "Samba de Uma Noite de Verão", publicado pela
pequena KAN Editora e patrocinado pelo PROMIC - Programa Municipal de
Incentivo à Cultura de Londrina. A cerimônia será transmitida ao vivo a
partir das 20 horas pela página do Facebook da CBL - Câmara Brasileira
do Livro. Nesta edição, concorreram ao Jabuti quase 2.500 obras de
ficção e não-ficção e foram premiados nomes como Silviano Santiago, Ana
Miranda, Marilena Chauí e José Castello.
“É
uma emoção inexplicável e uma honra desmedida estar junto de autores
que sempre li e que estudo na Academia, neste prêmio que é o mais antigo
da literatura brasileira. Nem me sinto muito merecedor. Ao mesmo tempo,
penso no troféu como um fôlego para seguir em frente em meio ao caos
que temos vivido na área cultural e como reconhecimento a um trabalho
árduo e que vem de longa data”. O autor destaca ainda que, pela
característica de “Samba de Uma Noite de Verão”- um livro acompanhado de
CD com canções escritas por ele na voz de cantores de Londrina -,
trata-se de uma obra coletiva. “Este livro representa a consolidação de
instituições importantíssimas na cidade, como a Funcart, onde este texto
nasceu, o PROMIC, que o financiou, além de concentrar o trabalho de
vários artistas da área musical, gráfica e editorial. É a cultura de
Londrina que sobe ao pódio”, destaca.
O
livro de Forin é uma reescritura de "Sonho de Uma Noite de Verão", obra
do fim do séc. XVI do dramaturgo inglês William Shakespeare. Sua
proposta consiste em transpor a trama para o universo brasileiro,
desenhando metáforas da formação do país. Passeiam pelos 5 atos da peça
musical personagens típicos do imaginário brasileiro, como malandros,
trabalhadores, lavadeiras, um chefe de comunidade, uma mãe de santo,
dentre outros. Eles habitam a Vila de Vera Cruz, humilde e alegre favela
de onde ecoa o miscigenado ritmo brasileiro. A história também se passa
em uma floresta contígua à Vila, onde reinam seres imaginários da
cultura afro-brasileira, como os orixás e outras deidades.
“Quando
li o ‘Sonho...’, imediatamente vi ali uma forma interessante para
abordar nossas questões, como a exploração dos mais pobres pelos mais
ricos, os amores tropicais, a demagogia dos líderes políticos, a visão
da sociedade sobre os artistas. Ao mesmo tempo, uma oportunidade para
falar sobre o que há de mais potente na nossa formação: o dom da
mistura. Foi um longo e minucioso processo de pesquisa para encontrar no
contexto brasileiro – e a partir da tradição de nossas matrizes
fundadoras – personagens e situações paralelas àquelas propostas por
Shakespeare”, explica. O resultado foi o espetáculo encenado em 2009
pela Escola Municipal de Teatro, com direção de Edna Aguiar e Guilherme
Kirchheim, e, após posteriores ajustes no texto e novas composição
cancionais, a publicação em livro-CD em dezembro de 2016.
Renato
enviou o projeto do livro ao Programa Municipal de Incentivo à Cultura
por cinco vezes e só na última teve a proposta aprovada, o que permitiu a
distribuição de parte da tiragem para escolas públicas estaduais, além
de outras instituições ligadas à arte e à educação da cidade, como forma
de incentivo à leitura do texto dramático e à audição de música popular
para jovens. No sentido paradidático, a publicação traz notas com vida
e obra de compositores brasileiros, desde a tradição até a
contemporaneidade, partituras das canções autorais e posfácio analítico
escrito pelas professoras Sonia Pascolati e Maria Carolina de Godoy, do
PPG Letras da UEL. Outros textos incluídos no livro são o prefácio do
autor e a apresentação elaborada pelo jornalista Antônio Mariano Jr. A
direção musical do disco é de Sara Delallo, com produção de áudio de
Luciano Galbiati. A coordenação editorial é de Marcos Losnak, cuja
editora também recebe seu primeiro Jabuti na cerimônia desta noite,
representada por Danieli Pereira, que fez a produção do livro.
Nova premiação – Novembro
foi um mês de ótimas surpresas para Renato. Poucos dias após saber do
Prêmio Jabuti, o autor recebeu a notícia de que outro texto dramatúrgico
– a peça “OVO” – fora contemplado nos Prêmios Literários 2017 do
Programa Seiva de Incentivo à Arte e à Cultura da Fundação Cultural do
Pará (FCP). O resultado foi divulgado no dia 22 de novembro e prevê a
publicação inédita da obra em formato de livro. Parte da tiragem será
distribuída pela Fundação sediada em Belém e outra parte será destinada
ao autor. No mesmo edital, foram contemplados mais onze novos escritores
em diferentes categorias, como romance, poesia, ensaio e
infanto-juvenil, de quatro estados brasileiros: São Paulo, Rio de
Janeiro, Espírito Santo e Pará. “OVO” recebeu a média 100, nota máxima
inclusive dentre outras categorias.
“Os
Prêmios Literários promovidos pela Fundação Cultural do Pará têm duas
características muito interessantes e incomuns: o fato de, mesmo sendo
um prêmio estadual, permitir a inscrição de autores do território
nacional, e abarcar várias categorias, inclusive a dramaturgia – este
gênero milenar, que tem pouca visibilidade em outros concursos e no
mercado editorial. Uma grande felicidade poder publicar ‘OVO’, um texto
pelo qual tenho particular apreço”, explica Renato. Bem diferente de
“Samba de Uma Noite de Verão”, que toca em aspectos mais culturais e
sociológicos, “OVO” propõe uma reflexão filosófica sobre a passagem: a
morte das pessoas, o desaparecimento das coisas e a efemeridade do
tempo.
A
trama traz dois personagens trágicos – Édipo e Electra – como irmãos
que passaram a juventude na zona rural e que, na vida adulta,
encontram-se na cidade no momento do falecimento de mãe. Diante da
circunstância extrema da morte, é a oportunidade de refletirem juntos
sobre questões como os afetos familiares, a força do destino na
caminhada humana e a figura divina. Com forte influência psicanalítica e
teor lírico, “OVO” traz metáforas ligadas à maternidade/paternidade e
ambienta a trama em um galinheiro, como referência ao espaço onde os
irmãos brincavam na infância. Em termos formais, o texto alinha-se à
dramaturgia contemporânea, propondo quebras espaço-temporais, fluxos de
pensamento e reflexões metateatrais. Inédita no formato de livro, a peça
foi montada pelo grupo londrinense Agon Teatro em 2015 e cumpriu mais
de 30 apresentações na cidade-sede e outros municípios paranaenses.
Ainda
este ano, a publicação estará em fase de edição pela Fundação Cultural
do Pará, em parceria com o autor, e o lançamento está previsto para o
primeiro semestre de 2018. O livro “Samba de Uma Noite de Verão” pode
ser adquirido na Funcart (Rua Souza Naves, 2380) ou direto com o autor
pelo WhatsApp (43) 99979-3349. O valor do livro ilustrado de capa dura
com CD é R$ 35.
Fotos: Livro “Samba de Uma Noite de Verão” e montagem de “OVO” pelo Agon Teatro (Londrina-PR).
Créditos: no nome de cada arquivo
Contatos para a imprensa:
Renato Forin Jr.: (43) 9 9979-3349
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