O HOMEM DA PALAVRA
Obrigado poeta
Viaja agora
Para caminhar entre as estrelas!
A obra e o pensamento de Ferreira Gullar ficam para a
cultura brasileira como um legado de inteligência e inquietude.
Nos últimos anos, sua visão do Brasil político e cultural brilhava
como colunista polemico e sem rodeios da Folha de São Paulo e outros grandes
jornais.
Mas Gullar foi o agitador cultural que colaborou na fundação
do Grupo Opinião e do Jornal O Pasquim, em plena ditadura militar. E por suas
opiniões e oposição ao regime foi exilado e quando voltou ao país em 1977, foi
preso.
Gullar foi o grande poeta que dividiu com Drummond e Cabral
as atenções a partir da segunda metade do século XX. Como eles, o maranhense
também foi cogitado para o Nobel de Literatura. A vida política, os dilemas
sociais e a liberdade permeiam boa parte de sua obra poética. Poema Sujo em que
mescla a infância com a denuncia das torturas na ditadura é seu trabalho mais
emblemático.
Ferreira Gullar se destacou na TV brasileira a partir dos anos
80 com a criação e textos para o seriado Carga Pesada e a novela Araponga (esta
com Lauro César Muniz e Dias Gomes). Freqüentou as paradas de sucesso com a
versão para Borbulhas de amor (hit na voz do cantor Fagner) e atualmente sua
poesia pode ser ouvida todas as noites na abertura da novela A lei do
amor: fez a letra para Trenzinho do
caipira (Villa Lobos) na voz de Ney Matogrosso.
O poeta também traduziu para o teatro; se destacou como
critico de arte; colunista e continuou escrevendo poesia e se tornando a grande
referência brasileira. Incorporado ao cotidiano do Brasil, nos acostumamos a
ouvir seu nome e ler sua poesia e seus textos. Em 2014, se rendeu a Academia Brasileira de
Letras e se tornou poeta imortal.
O homem da palavra parte aos 86 anos como iluminado e enorme
farol para o futuro cultural do país.
E sua fonte será água límpida onde devemos sempre buscar
motivo para a poesia e a arte do Brasil!
ALDO MORAES (Músico, escritor e jornalista)
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