Nosso convidado para esta
entrevista ao Blog Arte Brasil é um constante e importante parceiro de
artistas, produtores culturais, instituições públicas e privadas na elaboração,
divulgação e acompanhamento de projetos.
Leirton Marques também tem uma
intima ligação com a música e é um defensor da cultura como transformação cidadã
para crianças e jovens. Conheça sua história e sua experiência ao longo de anos
com iniciativas sociais, esportivas, culturais e ambientais em todo o Brasil.
a) Olá Leirton Marques é uma honra ter você
conversando com o público do blog Arte Brasil. Primeiramente gostaria que você
falasse um pouco como foi sua infância.
Faz tempo...
rsrsrs... Bem parte de minha infância, até os 08/09 anos de idade, vivi em
Presidente Epitácio/SP, minha cidade Natal.
Como a vida de todo guri de interior, pescava às margens do Rio Paraná,
caçava passarinho de estilingue e estudava. Paralelo a isso, sempre ajudava
minha mãe nos serviços de casa, pois à época ela era vendedora de cosméticos
porta-a-porta.
Então desde cedo
nos ensinou a ter responsabilidades. Vim, graças a Deus, de uma família muito
humilde mas muito unida. Desde cedo meus pais me ensinaram os verdadeiros
valores da vida. Principalmente a estudar muito. Sempre diziam que um ladrão
pode levar tudo de você, menos sua cultura e seu conhecimento. Quando me mudei
para Londrina, aos 09 anos de idade, por falta de trabalho no interior de São
Paulo para meus irmãos mais velhos, fui estudar na Escola Municipal Arthur
Thomas – que na ocasião era na Vila Brasil.
Dia desses
encontrei uma ex-professora minha da 4ª. Série, D. Elza, era professora
substituta, um espetáculo. Incentivou-me a participar de um concurso de redação
sobre Educação no Trânsito. Ela fez questão de me lembrar que foi a melhor
redação do Estado do Paraná. Desde a infância sempre gostei de escrever.
Credito esta vocação à minha mãe. Depois a outros importantes professores que
fizeram parte de minha trajetória.
b)
Sei da
sua forte ligação com a música e com as bandas que formaram tantos
profissionais em Londrina e outros lugares do Brasil. Fale um pouco sobre isso.
Pois é, Bandas
Marciais é algo que sempre me fascinou muito. Sei como é difícil a manutenção
destas corporações pelo alto custo dos instrumentos musicais, pagamentos de
professores, uniformes e por fim, manterem os alunos de forma voluntária nestes
projetos.
Em Londrina,
minha primeira experiência com Banda como instrumentista foi com o Colégio
Vicente Rijo (1.985), passando pela Percussão e posteriormente tocando
Bombardino e Trombone. Dois anos Depois estava regendo a Bandinha Xodó, do
mesmo Colégio, que servia de celeiro de músicos para a Banda Marcial. Na
ocasião, existiam duas grandes Bandas Marciais no município: Vicente Rijo e
Marcelino Champagnat.
Por motivos
financeiros, as duas corporações do Vicente Rijo foram extintas. Fundei a
fanfarra marcial infanto Juvenil do Colégio Maxi, onde fiquei por
aproximadamente 08 anos. Posteriormente a municipal de Pedrinhas Paulista, onde
em 02 anos de atividades fomos campeões interestaduais na modalidade (1997) e
dei por encerrada minha carreira.
(Banda Marcial Marcelino Champagnat)
Depois de uma
inércia e com as atividades de Bandas Marciais paralisadas em Londrina, as
iniciativas do Diretor do Colégio Estadual Marcelino Champagnat, Prof.
Claudecir Almeida e da Presidente da Assoc. Guarda Mirim de Londrina. Sra.
Kimiko Yoshii, vem resgatando esta importante cultura em nosso município.
No último 07 de
Setembro (2015), pudemos perceber a maturidade musical destas corporações,
ambas sob a regência do Maestro Gilberto Queiroz e também a aceitação pública
para estas manifestações musicais – tão ricas em repertórios das tradicionais
marchas e dobrados. Temos espaço, alunos e apreciadores para os repertórios de
Bandas Marciais, o que falta, infelizmente, são mais iniciativas que também
partam do poder público com a finalidade de fomentá-las e mantê-las perene.
Entender que os músicos das Bandas Marciais dos Colégios e Guarda Mirim de
hoje, serão os profissionais das Orquestras de amanhã, serão os músicos
remunerados que farão a economia loco-regional girar.
A cultura
precisa ser vista como mercado e investimento, além de entretenimento e
diversão. Outro exemplo que não poderia deixar de citar como empreendedorismo
social na área de música, vem sendo feito pelo casal Sr. Ricardo e Nilda Akira
da Associação Solidariedade Sempre, que mantém uma Orquestra com o mesmo nome.
São histórias de superação que precisam ser conhecidas. A criança que entro
como aluno, hoje é professor do Projeto, cursa faculdade, tem seu salário e
tudo isso foi através da música. O próprio projeto Batuque na Caixa, quantas
histórias tem para contar? Saindo da seara dos músicos, mas quantos “cidadãos”
não foram formados através deste Projeto? Mas há de se ter o “chute” inicial.
(Orquestra da Associação Solidariedade Sempre)
c) Como é seu trabalho de elaboração de
projetos? E como iniciou esta importante etapa em sua vida?
Estava
licenciado da Universidade Estadual de Londrina, ocupando o cargo de Assessor
Especial da Prefeitura de Chapada dos Guimarães-MT, isso deveria ser por volta
de 1.998. As verbas eram escassas para a manutenção de Projetos Culturais. Como
sempre transitei nos bastidores da execução dos projetos e sempre coloquei a
mão na massa, sabia desta dificuldade. Resolvi então apresentar o primeiro
projeto ao Ministério da Cultura, pelo Fundo Nacional de Cultura. Entre a
apresentação do Projeto e análise retornei para Londrina para reassumir meu
cargo na UEL. Neste período recebi a ligação de um amigo da Prefeitura de
Chapada de tomei um susto: O Projeto foi aprovado. (risos).
Reassumindo na
UEL, foram desenvolvidos diversos projetos para o Festival de Música de
Londrina e Orquestra Sinfônica. Em meados de 2000, resolvi pedir licença do
Governo e seguir carreira como empresário no segmento de Projetos, sempre fazendo
cursos de aperfeiçoamento, Especializações, MBAs na área. Exige constante
estudo. Contudo, se não houver coração e desprendimento à frente de qualquer
projeto, jamais existirá resultado satisfatório.
d) Como você enxerga a cultura como
instrumento de educação e transformação social? Você acha que as leis de
incentivo podem ser aperfeiçoadas?
O tema é amplo
demais. Poderíamos discorrer horas acerca disso. Veja, aqui na empresa nunca
trabalhamos a cultura como fator isolado.
A magia da cultura está justamente
nisso, ela permite você transitar em diversas áreas e busca a horizontalidade
na abordagem de temas, principalmente quando trabalhamos projetos voltados às
artes cênicas,
onde inúmeros temas são trabalhados: Meio Ambiente, Drogas,
Cidadania, Religião, Corporativismo, Vulnerabilidades Sociais, Família e claro,
montagens de clássicos das artes cênicas.
Importante dizer que dependendo do
público que se trabalha, a instrumentalização para esta transformação social é
dada por seus coordenadores, razão pela qual, além de você ter e ser um bom
maestro, um bom professor de teatro e ter um público-alvo de projeto que requer
atenção especial, você precisa adotar ferramentas de uma pedagogia afetiva para
lidar com este público.
Neste aspecto, e
de forma particular com o Ministério da Cultura, temos conseguido inserir nos
Projetos de nossos clientes que tem um público com perfil especial,
profissionais que visam dar este suporte essencial que contribuem neste
processo de educação e transformação social: Psicólogos, Assistentes Sociais,
Pedagogos, Educadores Sociais e demais profissionais necessários ao pleno êxito
das ações pretendidas no Projeto. Temos que ter em mente também que, em se
tratando de Projeto cultural que se tenha como finalidade-meio “Educação e Transformação
Social”, temos que aproximar o educando do menor núcleo social constituído que
ele foi inserido desde sua concepção: a Família.
e)
Leirton, deixo o espaço para você se despedir do nosso
público:
Primeiro foi um
prazer enorme poder dividir um pouco desta minha experiência com cada um de
vocês. São quase 20 anos de atuando na área de Projetos e pude vivenciar
experiências espetaculares de Norte a Sul do País, desde Projetos
Sócio-Culturais a projetos de construção de grandes Museus e Centros Culturais.
A essência de todo Projeto está no que
se busca de fato fazer, dentro de uma razoabilidade financeira permitida e em
consonância com as práticas de mercado, que lhe permitam alcançar os objetivos
elencados. Seja transparente com a Sociedade, com seus Patrocinadores, com seu
Público-Alvo, com seus Clientes e principalmente com VOCÊ.
Lembre-se que o
conceito de Projeto é basicamente um empreendimento temporário que tem Começo,
Meio e Fim, mas a vida é feita de muitos Projetos e seja atencioso com cada um
deles. Foram duas Graduações, duas Especializações e um MBA, além de cursos
intermediários para ir aos poucos, aprendendo um pouco a cada dia, pois cada
Projeto é único, cada cliente tem suas necessidades específicas e temos que
estar atentos a cada uma delas. Apareçam para uma café e um bate papo! Obrigado
pela atenção e carinho!
Leirton Marques
Facebook: facebook.com/leirton.marques.73
Email: m.zprojetos@uol.com.br
Telefone do
escritório: (43) 3037-1455/9924-0802
*fonte das fotos que ilustram esta entrevista: facebook
Adorei sua história pela Cultura,raras são as pessoas com coragem suficiente para bancar essa condição neste país. Até parece utopia mas criaturas que valorizam esse potencial humano são ímpares em nosso meio.
ResponderExcluirAdorei sua história pela Cultura,raras são as pessoas com coragem suficiente para bancar essa condição neste país. Até parece utopia mas criaturas que valorizam esse potencial humano são ímpares em nosso meio.
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