terça-feira, 31 de março de 2015

2015: OS 100 ANOS DE ORLANDO SILVA


Orlando Silva

Orlando Garcia da Silva nasceu no Rio de Janeiro RJ em 03 de Outubro de 1915. 0 pai, José Celestino da Silva, tocou violão em uma das formações do conjunto Oito Batutas e era operário das oficinas da Estrada de Ferro Central do Brasil, no subúrbio de Engenho de Dentro; morreu da gripe espanhola, deixando o filho com três anos. Estudou nas escolas Padre Antônio Vieira, Visconde de Caxias e depois na Nossa Senhora das Dores, mas logo precisou trabalhar para continuar os estudos. Dos 14 aos 16 anos, foi aprendiz de cortador de sapatos e trabalhou no comercio. Mais tarde, conseguiu empregar- se como cobrador de ônibus. Desde pequeno, gostava de cantar e sempre carregava folhetos de modinhas, no bolso ou dentro dos cadernos de escola. Nunca chegou a estudar música ou canto. 
 
Em 1934, o compositor Bororó apresentou-o a Francisco Alves, que o convidou a cantar em seu programa na Rádio Cajuti. Nesse ano gravou seu primeiro disco, na Columbia, com o samba Olha a baiana (Kid Pepe e Germano Augusto) e a marcha Ondas curtas (Kid Pepe e Zeca Ivo), músicas lançadas no Carnaval de 1935. Em março de 1935, passou a atuar na Rádio Transmissora. No mesmo ano, por intermedio de Francisco Alves, assinou contrato com a Victor, onde seu primeiro disco trazia No quilometro 2 (J. Aimbere) e o samba Para Deus somos iguais (J. Cascata e Jaime Barcelos). Nesse mesmo ano, já havia gravado as músicas Lagrimas e Última estrofe (ambas do compositor Índio), que foram lançadas num disco de numeração posterior. Nessas gravações, foi acompanhado por um conjunto regional integrado por Pereira Filho (violão), Luís Bittencourt (violão) e Luperce Miranda (bandolim). 
 
Em 1936 participou do filme Cidade-mulher, da Brasil-Vita, interpretando a marchinha de Noel Rosa que deu titulo ao filme. Também em 1936, participou da inauguração da Rádio Nacional, interpretando, com sucesso, Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz). Foi o primeiro cantor a ter um programa exclusivo nessa emissora, com o qual obteve enorme popularidade. De 1936 são suas gravações de Chora, cavaquinho (Dunga), Orgia (Valdemar Costa e Valdomiro Braga), Dama do cabaré (Noel Rosa), entre outras. Em 1937 foi a São Paulo SP pela primeira vez e apresentou-se na sacada do Teatro Colombo, no bairro paulista do Brás, onde se reuniram 10 mil pessoas para ouvi-lo. Foi nessa ocasião que o locutor Oduvaldo Cozzi lhe atribuiu o cognome de 0 Cantor das Multidões. Nesse mesmo ano, gravou na Victor um de seus grandes sucessos, Lábios que beijei (J. Cascata e Leonel Azevedo). Foi o primeiro cantor a interpretar Carinhoso (Pixinguinha, com letra que João de Barro colocou para ele gravar). Também em 1937 lançou a valsa Rosa (Pixinguinha), Boêmio (Ataulfo Alves e J. Pereira), Juramento falso (J. Cascata e Leonel Aze- vedo), o samba Rainha da beleza (Ataulfo Alves e Jorge Faraj), o fox A ultima canção (Guilherme A. Pereira), Alegria (Assis Valente e Durval Maia). Em 1938 participou do filme Banana da terra, dirigido por J. Rui, interpretando a marchinha A jardineira (Benedito Lacerda e Humberto Porto), que foi grande sucesso no Carnaval de 1939. 

 
Para o Carnaval de 1938 lançou Abre a janela (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti). Entre outras, ainda em 1938, gravou Não beba mais (Roberto Martins e Bide), o samba Meu romance (J. Cascata), a valsa Musa (Antônio Caldas e Celso de Figueiredo), o samba Eu sinto uma vontade de chorar (Dunga), Pagina de dor (Índio e Pixinguinha), o samba Agora é tarde (Sinval Silva) e o fox-canção Nada além (Custodio Mesquita e Mário Lago), que obteve grande êxito. Quatro lançamentos seus receberam prêmios em 1939: A jardineira, Meu consolo é você (Nássara e Roberto Martins), História antiga (Nássara e J. Cascata) e o samba O homem sem mulher não vale nada (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti). Do mesmo ano são a valsa Número um (Benedito Lacerda e Mário Lago) e o tango Por ti eu me rasgo todo (versão de Osvaldo Santiago). No Carnaval de 1940, lançou a marcha-rancho Mal-me-quer (Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar), e gravou, na Victor, inúmeras canções, entre as quais Perdoar é para Deus (Ari Frazão e Sebastião de Figueiredo), Coqueiro velho (Fernandinho e José Marcílio), a marcha Carioca (Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti), o samba A primeira vez (Bide e Marçal), Desilusão (J. Cascata e Leonel Azevedo) e o fox Nana (Custódio Mesquita e Geysa Bôscoli). 
 
Em 1941 gravou Sinhá Maria (Rene Bittencourt), Lagrimas de homem (J. Cascata), A voz do povo (Francisco Malfitano e Frazão), e, em 1942, Rosinha (Heber de Bôscoli e Mário Martins), e também gravou, para ser lançado no Carnaval, Lero-lero (Benedito Lacerda e Roberto Roberti). Nesse ano gravou ainda Aos pés da cruz (Marino Pinto e Zé da Zilda), Mágoas de caboclo (J. Cascata e Leonel Azevedo) e Quero dizer-te adeus (Ary Barroso), e foi a Fortaleza CE, onde participou da inauguração das ondas curtas da Ceará Rádio-Clube. Em 1943 transferiu-se para a Odeon, onde lançou Podes mentir (Georges Moran e Aldo Cabral), a valsa Olhos magos (Dante Santoro) e o samba Noutros tempos... era eu (Ataulfo Alves). 

Em 1944, afastou-se dos palcos, continuando a fazer programas de rádio no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Belo Horizonte MG. Nesse ano, entre outras, gravou o samba Louco (Wilson Batista e Henrique de Almeida), Há sempre alguém (Custódio Mesquita) e o samba Atire a primeira pedra (Mário Lago e Ataulfo Alves), que fez sucesso estrondoso no Carnaval. Em 1945, ainda na Odeon, gravou o hino Canção do trabalhador brasileiro (Abdon Lira e Léia Lira). No ano seguinte, participou do filme da Atlântida Segura essa mulher, dirigido por Watson Macedo, interpretando a marcha Seja lá o que Deus quiser (J. Cascata e Leonel Azevedo). Também nesse ano, realizou varias gravações na Odeon, entre as quais as das músicas Um pracinha na Itália (Pedro Caetano e Claudionor Cruz) e Só uma louca não vê (Lauro Maia e Humberto Teixeira). Ainda em 1946 deixou a Rádio Nacional. 
 
Em 1947, ano de seu casamento, lançou pela Odeon, entre outras gravações, a marcha Argentina (Newton Teixeira e Wilson Batista), a marcha Mulher-sensação (José Batista e Irani Ribeiro), Abigail (Wilson Batista e Orestes Barbosa) e Saudade (Dorival Caymmi). Em 1948 e 1949, gravou, na Odeon, a valsa Maldito amor(Georges Moran e Cristóvão de Alencar), Flor-mulher (Alfredo Ribeiro e Paulo Barbosa), Recordação... saudade (Dorival Caymmi), o bolero Pecadora (versão de Geber Moreira), o samba A que ponto chegaste (J. Cascata e Leonel Azevedo).
 
Em 1951 transferiu-se para a Copacabana, gravadora em que permaneceu ate 1955. Em 1951 gravou, entre outras, a marcha Não me importa que a tábua rache (Lis Monteiro e J. Piedade), o fox Sempre te amei (Maugeri Sobrinho e Maugeri Neto) e Tenho ciúme (Rene Bittencourt). Em 1953, um concurso da Revista do Rádio o elegeu Príncipe do Disco. Nesse mesmo ano, lançou Aquela mascarada (Ciro Monteiro e Dias Cruz), Exaltação à cor (Ataulfo Alves), Risque (Ary Barroso) e Escravo do amor (J. Cascata, Leonel Azevedo e Lilian Fernandes).
 
Em 1954 conquistou o titulo de Rei do Rádio. Nessa época, fazia o programa Doze Badaladas, levado ao ar ao meio-dia, com grande audiência. Em 1955 retornou a Odeon, na qual permaneceu ate 1959. Obteve sucesso no Carnaval de 1958 com Eu chorarei amanhã (Raul Sampaio e Ivo Santos). Reconquistou definitivamente a popularidade com o lançamento pela Victor do LP Carinhoso, revivendo todos os antigos sucessos. 

Gravou, ainda em 1959, o LP Última estrofe. Em 1960, novamente na RCA Victor, lançou o LP Por ti e, no ano seguinte, o LP Quando a saudade apertar. Em 1962 gravou o LP Sempre sucesso. Incluindo músicas de Taiguara, Antônio Carlos e Jocafi, Edu Lobo, Torquato Neto e Gilberto Gil, em 1975 lançou pela RCA Victor o LP Hoje, completando 40 anos de carreira artística. Em 1995 a BMG lançou caixa com três CDs, Orlando Silva, o Cantor das Multidões, com gravações originais de 1935 a 1942.
Faleceu no Rio de Janeiro em 07 de Agosto de 1978.
Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha

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