A Revista Magazin Deutschland que repercute a política, cultura e economia no contexto atual dos países que compõem a União Européia, traz em uma recente edição amplo debate sobre a falta de esperança que assola 500 milhões de pessoas em uma falta clara de emprego, temor existencial e pouca perspectiva para o jovem europeu de hoje.
Para a revista, a cultura e a arte são essenciais para se amenizar esta crise com a criatividade e humanismo que lhe são inerentes.
Seis diretores de institutos culturais europeus foram entrevistados: Mattias Makoeski (Atenas). Cristina Conde de Beroldingen e John Whitehead (Berlim); Thibaut de Champris (Mogúncia); Joachim Umlauf (Paris) e Georg M Blochmann (Varsóvia).
Todos reconhecem a agudez da crise financeira e de identidade que atinge a Europa e que separa as gerações, fazendo com que jovens não reconheçam a importância de conquistas de seus avós.
Reconhecem também o perigo dos populistas na Europa de hoje e o risco para regimes nacionalistas e totalitários.
Os produtores de cultura chamam a atenção para um humanismo cultural e artístico que integre não só as semelhanças entre os países do continente, mas que busque referências e intercâmbio com Ásia, África e América Latina.
A questão das práticas culturais que tendem a ser mais sensíveis do que a política com o jovem, as minorias e com a pluralidade também é colocado pelos entrevistados.
Num país como o Brasil, o valor da cultura precisa ser dimensionado por governos, cientistas e pela iniciativa privada, já que tem se demonstrado que não só o acesso ao conhecimento é importante como também o ato de dar visibilidade à tradição cultural dos povos transforma o futuro de gerações.
O acesso através de projetos sócio-culturais surgidos com força e apelo artístico no fim dos anos 1970 na Bahia com o Olodum e o projeto Axé tem revelado talentos e transformado a vida de comunidades e de jovens que eram considerados perdidos pelas regras da sociedade. Regras estas que fizeram muito pouco para entender e inserir estes jovens.
Estas iniciativas cresceram em nosso país e exemplos de sucesso e permanência não faltam como os Meninos do Morumbi e Bachiana Filarmonica em São Paulo; o AfroReggae no Rio de Janeiro; a Orquestra de Flautas em Porto Alegre e o Batuque na caixa que coordenamos desde 1999, no Paraná.
Por outro lado, um povo como o indigena que de forma geral manteve intacta sua cultura, hábitos e valores se inseriu e solidificou sua história contemporânea com a visibilidade que tiveram com estudos musicológicos, sociológicos e reportagens no Brasil e no exterior sobre sua cultura.
Portanto, o intercâmbio e a visibilidade das culturas possuem uma força incrível que deve ser fomentada e elevada à devida condição de se valorizar artistas, estudiosos, produtores culturais e profissionais que atuam nesta área. E tem a mesma força vital no velho continente que precisa se reinventar como para nossa jovem América que precisa se conhecer...
Aldo Moraes/composermoraes@hotmail.com
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