quarta-feira, 10 de julho de 2013

POETA AMIRI BARAKA

Amiri Baraka é poeta, dramaturgo e romancista norte-americano, que teria escolhido esta identidade, em 1968, em substituição do nome Everett LeRoi Jones.

Imamu Amiri Baraka nasceu em 1934, em Newark, New Jersey, onde o seu pai trabalhava como carteiro e ascensorista. Estudou Filosofia e Religião nas universidades de Rutgers e Howard, que abandonou sem ter conseguido um diploma, e na New School for Social Research.

Tendo servido por três anos como artilheiro na Força Aérea Norte-Americana, continuou depois os seus estudos, agora em Literatura Comparada, na Universidade de Columbia. Ensinou em várias universidades, entre as quais a State University of New York, em Buffalo.


Everett Leroi Jones deu início à sua carreira como escritor e ativista da cultura e poder político negros em 1956. Fundou, dois anos depois, a editora Totem Press, que inauguraria com a publicação da sua primeira obra, a peça de teatro A Good Girl is Hard To Find. Casou, também nesse ano, com Hettie Cohen, uma rapariga origem judaica, num templo budista em Nova Iorque.


Em 1961, apareceu Preface To a Twenty Volume Suicide Note e, entre outros livros, The Dead Lecturer, em 1964, ano em que encenou quatro das suas peças: The Baptism, The Toilet, The Slave e The Dutchman, tida como responsável pelo surto de literatura de expressão negra conhecida como Black Arts Movement.

No início da década de 60, as posições de Everett LeRoi Jones haviam-se tornado progressivamente mais radicais, chegando a escrever: "Temos que eliminar o homem branco. Só assim poderemos respirar fundo neste planeta". No ano de 1964, editaria a sua primeira gravação de poemas, Black Dada Nihilismus, com o New York Art Quartet, e cujas letras eram do género: "Violem as gajas brancas. Violem os seus pais. Cortem as gargantas às suas mães."


Divorciou-se em 1965, ano em que se estreou como romancista com The System Of Dante's Hell. Instaurou depois no Harlem o Black Arts Repertory Theatre, vocacionado para a apresentação de recitais de poesia, concertos e algumas peças de teatro, que acabaria por ser desmantelado em 1966. Nesse ano publicou Black Art e casou com uma mulher negra, Sylvia Robinson, de quem viria a ter cinco filhos.


Baraka instalou-se de seguida em Newark, criando um teatro de comunidade negra, a Spirit House, também conhecida como Hecklalu Community Center.

Em 1968 fundou a Black Community Development and Defense Organization, uma organização para a defesa e desenvolvimento da comunidade negra, chegando a fazer parte de várias outras associações do género.

Abandonaria também o seu 'nome de escravo', Jones, em favor de uma nova identidade africana. Imamu quereria dizer, em Suaíli, líder espiritual, mas este nome foi também proscrito quando, em 1974, Amiri Baraka optou por se converter ao Marxismo-Leninismo, pelas suas implicações "burguesas e nacionalistas".


Continuou a escrever e a ler os seus poemas em sessões de jazz e, em 2000 reformou-se da carreira académica, que havia culminado, desde 1985, com o cargo de professor catedrático em Estudos Africanos, na State University of New York.



 

EM MEMÓRIA DO RÁDIO

Quem já parou pra pensar na divindade de Lamont Cranston?
(Só Jack Kerouac, que eu saiba: & eu.
Já vocês é provável estavam na WCBS ou na Kate Smith,
Ou em algo igualmente sem graça.)

Que posso dizer?
É melhor se apaixonar e perder
Que passar linóleo nas suas salas de estar?

Sou um sábio ou algo do tipo?
Mandrake e o truque hipnótico da semana?
(Lembrem, não tenho os poderes de cura de Oral Roberts …..
Não posso, como F.J. Sheen, te dar salvação & dinheiro!
Não posso sequer te mandar prum satori na câmara de gás

[como Hitler ou Goody Knight

& Amor é quase a morte
Mais duas letras/ e o que dá?
A morte, além do mais
Quem entende isso?
Eu é que não ia querer andar nessa corda bamba.

Sábado de manhã a gente ouvia o Lanterna Vermelha e sua turma
[submarina.
Às 11, Faz de Conta/ & a gente fazia/& eu, o poeta, ainda faço,
[Graças a Deus!

O que ele dizia mesmo (já transformado, seguro & invisível & os
[descrentes não podiam tacar pedras?) "Heh, heh, heh,
Quem sabe o mal que se esconde no coração dos homens?
[O Sombra sabe."

(tradução de Dirceu Villa)

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