VILLA LOBOS, 125 ANOS: OBRAS DE PIANO

Na série de pequenos textos que apresentei no Espaço Cultural Alternativo Free Music, em1995, em Londrina, na forma de palestras e audições, vamos conhecer um pouco mais da obra de Villa Lobos, em seus 125 anos. Agradeço ao pesquisador Nelson Bravo pelo apoio que me deu naquele inicio de caminhada:


Choros 05 ( Alma Brasileira ) piano
Segundo o próprio Villa Lobos, os choros de maneira geral não são transcrições rítmicas ou melódicas da forma original, mas uma nova forma de "composição musical brasileira, indígena e popular".
O choro 05 busca uma consciência da alma sonora de um país desconhecido e jovem.
Cadências rítmicas e melódicas irregulares, postas em um compasso quadrado (dando uma falsa impressão de que a melodia e o ritmo estão morrendo (característica dos seresteiros).
O autor sugere 03 planos distintos (o que a coloca no plano das obras modernas):
Melodia
As notas de base da mão esquerda
Os acordes da mão esquerda

O compasso não deve ser seguido rigidamente, para que se tenha a impressão de notas distendendo ritmicamente.


A lenda do caboclo-1920 piano
Villa Lobos utiliza-se dos modos gregos para compor esta página lúdica, de atmosfera dolente e resignação cabocla :
lídio-aqui " mi maior, com a quarta # "
eólio-lá sem sensível
A parte inicial é abundante de acordes com 9, 13,apojaturas etc...
Isto tudo num clima modal. Não há influência, mas a criação de um ambiente folclórico, caboclo...

A prole do bebê 1918 piano
Homenageia a criança, reinventando a temática infantil.

Presenças de :
Polirritmia original
Encadeamentos harmônicos insólitos
Desenhos obstinados
Saltos bruscos de humor
Nostalgia persistente

Certa influência do ambiente impressionista do compositor francês Claude Debussy, que homenageou a filha com 06 peças infantis em 1908 e 1913.


Serestas-14 canções escritas entre 1923/43 para canto e piano e posteriormente orquestradas

São canções de câmara, como as de Franz Schubert na Áustria, onde estão o lirismo das serestas brasileiras e os queixumes de amor das modinhas. Mas Villa Lobos vai além na abordagem e interpreta a rudeza do carreiro e o sentimento transfigurado na cantiga do viúvo ( com versos de Drummond ) e anjo da guarda, com versos do também modernista Manoel Bandeira. Pobre cega (versos de Álvaro Moreira) sugere a modinha. O piano tem acompanhamento uniforme.

Aldo Moraes/Compositor
composermoraes@hotmail.com