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segunda-feira, 19 de abril de 2010
Entrevista de Leopoldo Nantes para o blog Arte Brasil
“Nesta edição, entrevistamos o jovem violonista Leopoldo Nantes que, junto com Tiago Mayer, integra o Farofa Duo. Com o Cd Espontâneo, lançado há alguns meses, o músico também se formou pela Universidade Estadual de Londrina e conta como começou seu interesse pela música, suas influências e sua preocupação com a educação musical.” Por Aldo Moraes
1) Leopoldo, é um prazer ter você falando com o público que acompanha nosso blog. Poderia nos contar um pouco sobre o inicio de sua experiência musical ?
Sempre houve muita música ao meu redor, minha mãe e meus tios sempre participaram do coro da igreja, minha irmã e minha mãe tocavam órgão eletrônico então cresci rodeado por música, mas só me interessei mesmo em tocar quando tive contato com o rock.
2) Como você começou escrever para o seu instrumento ? E como é o seu processo de criação ?
Sempre foi tudo muito intuitivo, sempre tirei muita música de ouvido, isso certamente me deu ferramentas para criar também. Após estudar mais sistematicamente harmonia e contraponto, acho que meu processo de criação ficou um pouco mais minucioso, mas acredito que é sempre interessante dosar um pouco essas duas coisas, razão e intuição.
3 ) Admiro muito seu trabalho com o Farofa Duo. Quais recitais e concertos que foram memoráveis para você ?
Tivemos momentos bem legais, mas o que me ocorre no momento foi uma apresentação que fizemos no FEJACAN (festival de canção promovido pelo SESC-PR ) realizado em Jacarezinho-PR no ano passado, tinha muita gente interessante lá, sentimos uma responsabilidade muito grande ao subir no palco, mas foi muito bom, e o público realmente curtiu nossa música, e receber esse retorno de um trabalho instrumental já é um prêmio.
4 ) Como você avalia sua passagem pela Universidade e como mudou sua visão estética e profissional da música ?
Foi muito válido com certeza. Sistematizei muito do que eu já sabia, e acabei por aprender muita coisa nova também. A questão estética certamente foi um dos pontos que mais me afetaram (positivamente e negativamente), porque apesar de ter tido contato com muito material do qual eu realmente não sou adepto até hoje, também me foi apresentada vertentes da música com as quais eu não tinha tido contato anteriormente e isso me enriqueceu muito e forjou minha maneira de tocar atualmente. E a parte profissional também acaba sendo afetada com isso, pois você entende o seu lugar no mercado e passa a ser mais crítico consigo mesmo.
5 ) Como músico, você acompanha a música contemporânea ? E caso acompanhe, como a situa em seu repertório e em relação à sua estética musical ?
Apesar de eu já achar esse termo muito amplo hoje em dia, se considerarmos a música contemporânea nesse caso como sendo a música de vanguarda, aquela que sempre preza pelo experimentalismo, essa me influencia de uma maneira sutil, não por deixar de gostar, mas por ainda me identificar muito com a maneira tradicional de tocar, ainda ouço e exploro muito as formas e sonoridades da música tradicional, mas sou um apreciador das inovações e pesquisas direcionadas à parte harmônica, rítmica e melódica da música contemporânea, e também da música popular contemporânea.
6 ) Em sua formação, quais músicos e compositores você considera uma influência em sua carreira ?
Uau!..rs, eu gosto de muita coisa, e indiretamente isso me influencia, eu acho que ao invés de citar nomes vou preferir citar segmentos da música com os quais me identifiquei e com os quais me identifico mais atualmente. Comecei a tocar influenciado pelo rock, acho que é um dos estilos que mais desperta o gosto pelo instrumento nos jovens, portanto considero a cena rock, principalmente européia dos anos 70 como sendo uma grande influência pra mim, principalmente essa que bebeu muito na fonte da música clássica como matéria prima para o seu som, bandas como Deep Purple, Led Zeppelin, Yes, são coisas que me agradam até hoje, logo depois me interessei muito por instrumentistas virtuoses tanto no rock como em outros segmentos, e acredito que próximo ao período que passei na faculdade comecei a me interessar por artistas que tinham elementos mais “contemporâneos” de uma certa forma no seu som, a MPB em geral, o blues, o funk, o jazz e suas ramificaões. Frank Zappa pra mim foi uma descoberta muito legal, porque foi ali que descobri que tudo isso podia acontecer ao mesmo tempo.
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