O cantor e compositor Walter Franco morreu na madrugada desta quinta-feira (24), aos 74 anos, em São Paulo.
A informação foi divulgada na página do artista nas redes sociais e pelo filho, Diogo. "Agradeço a todas as orações e boas vibrações nesses últimos dias, mas sinto dar a notícia de que nosso Walter Franco partiu tranquilamente", escreveu.
O corpo de Franco foi cremado no início da noite de ontem.
Walter Franco é um dos nomes importantes da música de vanguarda no Brasil. São de sua autoria canções como "Coração Tranquilo", "Cabeça", "Me Deixe Mudo", "Canalha" e "Respire Fundo". Já foi regravado por artistas como Chico Buarque, Titãs, Leila Pinheiro, Ira! e Camisa de Vênus.
Franco nasceu em São Paulo e estudou na Escola de Arte Dramática, onde se formou. Sua carreira começou com a composição de trilhas para peças teatrais, como "O Contador de Fazendas", dirigido por Dulcina de Moraes e "Os Olhos Vazados", dirigido por Emílio de Biasi.
Ficou conhecido no período dos festivais com a primeira canção, "Não se Queima um sonho", apresentada por Geraldo Vandré. Segundo a biografia de Franco, o momento que marcou a primeira fase de sua carreira foi a apresentação da música "Cabeça", de sua autoria, no Festival Internacional da Canção de 1972, de Rede Globo. "Uma música totalmente fora dos padrões da época, baseada em vozes superpostas e repetições de fragmentos da letra, quase incompreensível", diz a biografia.
Em 1974, inaugurou outro procedimento que seria uma marca de seu trabalho. No show "A Sagrada Desordem do Espírito", apresentava-se só no palco, na posição da Flor de Lótus, com seu violão. Em 1975, participou do Festival Abertura, com a música "Muito Tudo", em homenagem a João Gilberto e John Lennon.
Em 1976 lançou o disco "Revolver", considerado uma obra prima, por ter uma musicalidade próxima ao rock. Em 1978 lança "Respire Fundo", disco que teve a participação de mais de 200 músicos, como Sivuca, Wagner Tiso, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Lulu Santos, Geraldo Azevedo, entre outros.
No Festival da Tupy, em 1979, apresentou a música "Canalha" e conquistou o segundo lugar. A canção aparece no disco "Vela Aberta", lançado em seguida. Em 1981 participou do festival MPB-Shell, com a canção Serra do Luar, com arranjos de Rogério Duprat. Essa versão foi registrada apenas no disco do festival e a música fez grande sucesso posteriormente em uma gravação de Leila Pinheiro.
Em 1982 lançou o disco "Walter Franco", e em 2000 Tutano, no qual apresenta um repertório inédito em músicas como "Zen" e "Gema do Novo", "Nasça" (com Arnaldo Antunes), além da releitura de "Cabeça" e outras canções.
No mesmo ano recebeu uma homenagem com o documentário "Muito Tudo", dos jovens cineastas Bel Bechara e Sandro Serpa, destaque da mostra de audiovisual do Museu da Imagem e do Som e vencedor do Festival É Tudo Verdade. Em 2015, Franco comemorou 70 anos de vida e sua volta aos palcos, relançando o álbum "Revolver", após 40 anos.