domingo, 10 de julho de 2016

ARTIGO 70 ANOS DE BAIÃO



Lá no início dos anos 80, Gonzaguinha gravou o Programa Ensaio e contou que seu pai enxergou no pequeno trio sanfona/zabumba e triângulo o som definido que precisava para conceber a estilização do que seria o ritmo musical mais comentado nos anos 50 e que conquistaria gerações de artistas; do rock a MPB; do choro ao erudito: o baião!

Câmara Cascudo em suas pesquisas informa que o baião era dançado em festas nordestinas desde o século XIX originado de danças indígenas e africanas. Mas a concepção moderna e enxuta do arranjo musical e as letras com forte conteúdo regional foram marcas que Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira e Zé Dantas legaram ao Brasil desde a pioneira gravação de 1946. Assim o baião, comemora 70 anos em 2016!


O primeiro sucesso veio com a música homônima Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) cuja letra diz: "Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção  e "(…) o baião tem um quê / Que as outras danças não têm”.


De alguma forma, todo mundo se rendeu ao ritmo musical que chegou aos anos 2000 com bandas elétricas e artistas com conhecimento sólido e dedicado a história da nossa cultura. Mas completaram o time de grandes autores e divulgadores essenciais: Sivuca, Carmélia Alves, João do Vale, Hermeto Paschoal e Dominguinhos.


Por ser um ritmo de fácil assimilação e grande poder de variações, o baião foi logo recebido no caldeirão antropológico do Tropicalismo, no rock nacional e também na música de concerto. Raul Seixas inclusive denominou seu trabalho de baioque: mistura de baião com rock!

Na música de concerto, Guerra Peixe, Ney Rosauro, Marlos Nobre, Aldo Moraes, Radamés Gnatalli , Osvaldo Lacerda, Ronaldo Miranda e Tom Jobim e na música instrumental Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal, Tiago Mayer/Leopoldo Nantes utilizaram-se do poder rítmico, melódico e expressivo do baião para a construção de peças inteiras ou movimentos musicais.


Na MPB, há páginas de grande beleza como Baião da Penha (Guio de Moraes/David Nasser); De onde vem o baião (Gil), Mulher Rendeira (Zé do Norte), Delicado (baião-choro de Valdir Azevedo); A Obra (Ronilson Moura/Aldo Moraes) além de reinterpretações de Chico César, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia para as composições de Gonzagão.

O Baião tem um Rei: Luiz Gonzaga e agora completa 70 anos!

ALDO MORAES/Músico




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