terça-feira, 30 de junho de 2015

CRÔNICA O COLIBRI EM VISITA AOS LARES

Ele era diferente. O colibri azulado gostava de ver como as famílias viviam, como eram os seus lares. Sua liberdade podia levá-lo aonde quisesse, principalmente, seu livre sentimento. Talvez chegasse às casas, não como forma aleatória, mas como uma sábia escolha necessária.

E aparecia com toda delicadeza, observava, às vezes, pela porta ou pelas janelas. Constatava tanta diversidade entre os lares. Ele observou famílias que se amavam e se respeitavam; famílias que não se davam respeito nenhum; outras que se sentiam enclausuradas; muitas delas não se importavam com nada; em algumas famílias, ele verificou a união por meio da prece consoladora e que também várias delas nunca experimentaram a paz de uma oração; em muitas outras havia a indiferença quanto a um membro do lar – esquecendo-se de que todo grupo familiar é o adequado para o próprio progresso ‒; ele viu mães chorosas e filhos acuados, maridos estagnados no caminho e no tempo.

O colibri azulado se sente bem quando em visita a um lar, percebe a busca pela harmonia e, logo, segue viagem com seu olhar mais feliz. E tanto se entristece com gritos e ofensas, ou violência variada que, infelizmente, em muitos casos são comuns; ainda esses lugares não podem ser chamados de lares.

Em suas viagens, ele presenciou muitas situações inimagináveis. No entanto, um único valor é decisivo em todas elas: o amor. Quando há essa presença, o brilho benéfico invade os seres e o local; a compreensão, a paciência, a tranquilidade, a tolerância e a gentileza se tornam baluartes para vidas em paz para a evolução.

Porém, quando essa maior energia está ausente, o choro, a dor, a inquietação e a infelicidade são assíduos visitantes desses corações que, incessantemente, buscam, com desespero, algo externo para amenizar o infortúnio, e ainda mais se afundam na areia do sofrimento.

Esses corações se esquecem de que a bonança segue o caminho de dentro para fora e não o inverso, dado que cada um possui a centelha e se pode conectar imediatamente ou perder a comunicação com a real essência da soberania divina, de acordo com a vibração dos sentimentos.

E esses lares podem ser tão melhores e mais felizes e com atitudes menos dispendiosas que as ações contrárias ainda tanto realizadas, pois amar é bem mais calmo e nobre que odiar; respeitar é mais sábio que o desrespeito; tolerar é mais compreensivo que a intolerância; ouvir é mais justo que o julgamento.

O colibri azulado se rejubila com as bondosas conquistas porque essas encaminham os corações para o progresso. E ele continua sua jornada de observações com o desejo de, um dia, todos os lares serem envolvidos com a energia do maior mandamento: o amor, como a força motriz para todas as realizações.

Às vezes, denominam-se anjos, protetores, colibris, porém, é da mesma luz que brilham e estão bem pertinho para ajudar e proteger os familiares, grupos que, por um determinado motivo, se reúnem para a realização do propósito antes definido.

Que a compreensão possa se dar entre esses pequenos núcleos, pois, a partir disso, a grande família humana será mais respeitosa e amorosa com si própria.

(Cínthia Cortegoso)

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