Desde que se encantou pelo instrumento ainda na infância, Roney Marczak vem trilhando uma trajetória de dedicação e trabalho de ourives ao violino. E tal como um imenso rio, o músico nascido em Londrina (PR) também vem nos últimos anos nos revelando novas facetas da própria música brasileira.
Bolsista do governo alemão aos 17 anos, graduou-se com nota máxima na Musikhochschule de Freiburg (Alemanha). Na Suíça, conclui o curso de interpretação e virtuosismo e o mestrado em pedagogia de música para crianças e adultos na Escola Superior de Música de Berna.
Em 1994, foi convidado pelo Vaticano e se apresentou na primeira audiência de todas as eminências católicas do Oriente. Voltou para sua cidade natal com o objetivo de contribuir com a melhora do ensino de música no Brasil. Tanto que integrou a direção artístico-pedagógica do 24º Festival de Música de Londrina, a convite do Governo do Estado do Paraná.
Com vários discos que investigam nossos compositores, Marczak gravou com o pianista italiano Christian German Ruvolo o CD Música Brasileira (Paulinas/Compe; 2007), com arranjos de Ruvolo e Dimitri Cervo. Muito bem produzido, encarte com a biografia dos compositores e nossa melhor tradição musical: dos populares aos eruditos, o disco é realmente um concerto de câmara pelas florestas e cidades do Brasil: a bossa de Jobim; a canção sertaneja e os ponteios de Guarneiri; as canções de Catullo e Antônio Callado e para fechar: Noel Rosa, Valdir Azevedo e Sérgio Bittencourt.
Dedico uma linha especial à interpretação que Ruvolo e Marczak dão à Sonata nº. 5, de Camargo Guarnieri: um excepcional e nacionalista compositor que tive a satisfação de conhecer e que deixou um legado dos mais valorosos à música universal. Com a profundidade exigida, revelam o melhor da melancolia e perfeição da música de Guarnieri. Uma escrita pessoal e ao mesmo tempo técnica e exigente.
Uma surpresa do CD é o tema intimista "Cajuína", de Caetano Veloso que recebe arranjo do compositor Dimitri Cervo e 5 variações para violino e piano.
Uma pequena jóia musical, um instante em que a música erudita contemporânea se entrelaça à nossa canção popular e produz um dos melhores momentos do disco. A sutileza e sensibilidade dos músicos se revelam nestes arranjos e tornam naturais as variações escritas.
Roney Marczak é um artista dedicado e muito criativo: O Quarteto Descobertas é hoje um de seus grandes desafios junto com a Escola Sol Maior, que realiza um trabalho de excelência na pedagogia musical e com um cunho social também. A performance do Quarteto Descobertas já foi registrada em áudio e vídeo e sempre acompanhados do melhor e do mais autêntico em nossa música.
Estou ouvindo constantemente o mais recente CD do Quarteto Descobertas que traz junto o DVD de registro da viagem do grupo à Europa. Arranjado pelo próprio quarteto, traz Zequinha de Abreu, Guarnieri, Mignone, Vandré, Gonzagão, Pixinguinha, Caymmi, Guinga, Bonfá e Ary Barroso. Ou seja, sobre o talento de Marczak (violino); Filipe Barthem (contrabaixo); Murilo Barbosa (piano) e Duda de Souza (percussão e bateria) ouve-se uma parte considerável da história da MPB e da nossa música de concerto.
Conheça mais: www.marczak.com.br
www.quartetodescobertas.com
Aldo Moraes
Músico e escritor
Ex-Secretário de Cultura de Londrina/PR
composermoraes@hotmail.com
*Artigo também publicado no Jornal União
O que gosto neste é a valorização dos verdadeiros artistas que se dedicam por um país melhor, através dos artigos de Aldo Moraes.
ResponderExcluirOswaldo Borges
Londrina PR