quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O mistério de Malba Tahan



Malba Tahan ganha site e homenagem na Fliporto

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

Imagine três irmãos tentando dividir 35 camelos, sendo que o mais velho deve ficar com a metade deles. Não vale, é claro, partir nenhum dos animais ao meio.

Impossível? Pois em "O Homem que Calculava" (1938) Malba Tahan não apenas mostra como (e sem uma única gota de sangue) mas ainda realiza outro quase "milagre": fazer da matemática uma grande diversão.

Das páginas dos livros, que conquistaram gerações de leitores nos últimos 80 anos, o universo de Malba, que une o cálculo ao tom lúdico de "As Mil e Uma Noites", salta agora para a internet.

O site www.malbatahan.com.br está sendo lançado oficialmente na Fliporto, evento literário que ocorre em Olinda (PE) até 15/11.

Além de vídeos, fotos, textos e entrevistas, o portal trará desafios matemáticos para testar os internautas.

Malba Tahan é um dos homenageados da Fliporto, que, nesta edição, se debruça sobre a literatura do Oriente.

Engana-se, porém, quem o imagina como um xeque vagando por Bagdá. Malba Tahan era o pseudônimo de Julio Cesar de Mello e Souza (1895-1974), carioca e professor de matemática.

"A referência ao mundo árabe era uma forma de homenagear um povo que se notabilizou pelo desenvolvimento da matemática", diz André Pereira, neto do autor, que estará no evento.

A professora universitária Cristiane Coppe de Oliveira, autora de uma dissertação de mestrado sobre o autor de "O Homem que Calculava", também participa das homenagens em Olinda.

Ela argumenta que Malba não apenas é "um dos precursores da educação matemática no Brasil" como também se tornou uma "referência no cenário internacional da educação".

Fugindo do "estilo sádico", como costumava se referir, dos demais professores da disciplina, Malba era sucesso entre alunos e leitores (alguns acreditavam que era realmente um escritor árabe).

Muitos o visitavam em casa. Um, em especial, nunca esqueceu esse encontro. "Eu estava delirando. Era como se estivesse conhecendo John Lennon e Paul McCartney", relembra hoje o escritor Paulo Coelho.

Era o final dos anos 50, e Coelho tinha dez anos. Ler Malba, conta, "foi fundamental na minha vida". A admiração aparece explícita no livro "O Alquimista", no qual Malba é citado, ao lado de Hemingway, Borges e Blake, como um dos "grandes escritores que conseguiram atingir a Linguagem Universal".

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