segunda-feira, 15 de março de 2010



Pianista Eudóxia de Barros

Entrevista para o blog Arte Brasil


“ É com imensa satisfação que realizei , por email, esta entrevista com a renomada pianista Eudóxia de Barros, a quem devemos tanto a divulgação da música brasileira de concerto” Aldo Moraes


1) Prezada Eudóxia de Barros, é um prazer tê-la falando com o público que acompanha nosso blog. Poderia nos contar um pouco sobre sua infância e primeiros contatos com a música ?

Havia um piano na família, que era tocado diariamente por minha avó paterna; eu tinha uma irmã e era muito gostoso, passar algumas horas na sala, ouvindo o estudo de nossa vovó. Depois, íamos ao teclado, para reproduzir de ouvido, algumas melodias que ouvíamos no rádio, e claro, era música popular , que naquela época, era muito boa, não só a música, mas principalmente a letra. Tanto interesse de nossa parte foi observado por nossos Pais, que resolveram que iríamos estudar piano, apenas como complemento de cultura.



2) Tenho acompanhado muitas noticias sobre você nos últimos anos. Pode nos falar como foi seu inicio com o piano ?

Procura daqui, procura dali, ouvimos falar de uma professora no bairro, que era muito boa, a Sra. Mathilde Frediani; ela vinha em nossa casa uma vez por semana e foi um deslumbramento descobrir aquele novo mundo, o da Música. E aí tudo começou . Meu primeiro dia de aula de piano, foi em 3 de Março de 1944 . Jamais esquecerei !



3 ) Em sua história profissional, quais concertos e recitais foram memoráveis para você ? Cite alguns discos que você lançou e considera essenciais em sua trajetória.

Cada apresentação é sempre importante para mim; entretanto, há aqueles dias em que a gente está em estado de graça, e tudo decorre da melhor forma possível; houve vários: quase todos esses concertos de encerramento de ano, que dou aqui em São Paulo, no Teatro Municipal antigamente, e nestes últimos anos, estão sendo no Theatro São Pedro . lembro-me tambem como foi agradável tocar no Town hall, em Nova York. No Palácio São Clemente, em 2007, no Rio, dentro daquele Projeto Música no Museu. Houve uma experiência fantástica que foi a de solar com a Orquestra Petrobrás, no Rio de Janeiro, em 2003, sob a incrível regência de Henrique Morelenbaum, executando uma obra dificílima, os “Cromos para piano e orquestra” de Osvaldo Lacerda. E o disco que foi fundamental para mim, que me deu muita sorte mesmo, foi o OURO SOBRE AZUL,LP, em 1963, pela gravadora CHANTECLER, quando gravei Ernesto Nazareth, exatamente como ele escrevera e portanto sem arranjos, o que constituiu um marco na história da Música Brasileira . Nessa gravadora, gravei o que quis, de maneira que foi muito dificil, mais tarde, na era do CD, aceitar que teria de investir gravando um CD independente; relutei, de forma que demorei a lançar meu primeiro CD, o que aconteceu somente em 1995, quando a gravadora COMEP, me convidou a lançar o primeiro CD: ESTE BRASIL QUE TANTO AMO !



4 ) De que maneira sua proximidade com um compositor ( nosso grande Osvaldo Lacerda ) contribuiu para sua visão musical ?

tendo a sorte de conviver tão proximamente com ele, até hoje me é enriquecedor tocar para ele o meu repertório que acabei de preparar ( a cada ano faço um programa diferente ), bem como de ouvi-lo falar sobre qualquer assunto de Musica, de História, que ele gosta muito, e vários outros assuntos do conhecimento humano, pois ele é um leitor feroz, passa a vida lendo e se informando.

Tem uma enorme cultura geral . A respeito de até hoje ainda tocar o repertório para grandes músicos, falo sem temer críticas depreciativas, que toco também, sempre os meus programas do ano, para o Maestro Henrique Morelenbaum, no Rio de Janeiro; conforme dissera acima, toquei com ele em 2003 e ficara encantada com a sua visão perante a Música, sua seriedade, e maneira de burilar um determinado trecho, estudando sem piedade, se doando inteiramente. Assim lhe pedi para me ouvir esporadicamente, o que tem acontecido desde 2005. Não vejo por que não tocar para alguém, desde que sejam Músicos verdadeiramente, como Osvaldo Lacerda e Henrique Morelenbaum. Se a gente tem a sorte de progredir ainda mais, por que não?

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