sexta-feira, 5 de março de 2010





A Evolução de Bhall Marcos


Acompanho a produção artística de Bhall Marcos há
aproximadamente sete anos. O artista ao longo deste
período vem construindo sua obra com economia de
formas e de cores, por meio de uma pintura subjetiva e
intuitiva, de formas geométricas combinadas com
formas orgânicas de tendência abstrata, buscando
relações entre composição e espaço, desenho e pintura.
É perceptível em alguns de seus trabalhos subseqüentes
a utilização da técnica criada pelo pintor Max Ernst
chamada "frottage", procedimento onde se decalca uma
textura e as transfere em seguida para o papel,
tecido, etc.
A princípio, dois componentes devem coexistir
criticamente no âmago do processo artístico: o sistema
de regras e a expressividade. O sistema ordena o
diálogo com o fruidor e a expressão busca negá-lo para
existir, dessa dialética, processa a pintura. Bhall
Marcos, com seu trabalho processa símbolos e áreas de
cor que se relacionam. Esses símbolos e áreas não
são palavras, mas imagens pintadas que se convertem em
manifestações criativas. Na concepção do filósofo
Schopenhauer "É preciso comportar-se diante de uma
obra-prima como diante de um príncipe: não falar
primeiro, mas esperar que ela nos interpele. Do
contrário, não ouviremos senão a nós mesmos".
Em linhas gerais a linguagem plástica, maneira
personalíssima pela qual o artista compõe em formas
suas experiências, se inscreve e escreve ora por
superfícies pintadas, ora em ícones, ora em emblemas,
ora em símbolos pictográficos e gráficos. Sistema de
sinais, cujos signos pertencem a um alfabeto ainda a
ser decifrado. O rastro é o vestígio de que o
pensamento habita a plástica.
Devemos acrescentar que o ingresso de Bhall Marcos no
circuito artístico teve início na VI edição da Mostra
Afro-brasileira Palmares (1991). A mostra que vem
sendo realizada em Londrina há quase duas décadas, foi
criada com a intenção de promover ações que
discutissem, abordassem e divulgassem o universo da
cultura negra...
Desde então, observo-o em seu processo de criação:
pesquisando, construindo e refletindo sobre sua
poética plástico-visual. Nesta presente (XIX) edição
a diretoria do evento convida, merecidamente, o
artista a expor individualmente uma amostra de sua
produção artística que vem aprimorando ao longo do
tempo.



Fernando Martinez / 2004
Diretor do Patrimônio Artístico do Museu de Artes de
Londrina e curador da Mostra Afro-brasileira Palmares..


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Bhall Marcos - artista plástico




‘Conheci’ Bhall Marcos em 2007 quando buscava no Google artistas plásticos afro descendentes que faziam arte abstrata.

Visitei seus blogs em busca de material para trabalhar com meus alunos e fiquei encantada com a beleza de suas telas ricas em colorido, formas geométricas e signos africanos usados por ele nas suas abstrações. Ficamos amigos, meus alunos fizeram releituras de suas telas e, por ser também Crítica de Arte, pós-graduada pela Escola de Belas artes da Universidade federal da Bahia, era sempre consultada sobre um novo trabalho seu.

Hoje fiquei surpresa ao ser convidada para fazer uma resenha sobre sua nova série de trabalhos: Relevos Lisos – A Série a ser exposta numa individual em Londrina.

Dos elementos visuais usados por Bhall Marcos, a linha é o mais simples, embora capaz de materializar impressões diversas de textura, volume, perspectiva, movimento e sentimentos estéticos. O artista consegue ampliar estas qualidades fazendo surgir sobre o suporte composições de rara beleza plástica, graças à simplicidade do traço sempre convergente para a estrutura abstrata da composição

O espaço e o volume são trabalhados de forma muito pessoal obedecendo aos recursos da percepção visual e este espaço permanece frontal pela bi dimensionalidade das imagens e também pelo colorido usado pelo artista nesta série.

A percepção criativa de Bhall baseia-se na sua extraordinária experiência humanista e social e nas suas múltiplas inteligências e intuição que buscam o essencial na síntese da forma visual que representa. Bhall marcos é um artista moderno, criativo e original, valendo-se sempre do seu imaginário poético e de sua familiaridade com os signos africanos que se destacam em seus trabalhos.

Salvador, 29 de fevereiro de 2008

Maria Célia Barreto

Crítica de Arte e arte educadora

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