quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010





Edson Zampronha, Compositor

Entrevista para o blog Arte Brasil



1) ( Aldo Moraes pergunta): Edson Zampronha, é um prazer ter você falando com o público que acompanha nosso blog. Poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória musical ?


Zampronha responde:

É um prazer poder participar do Blog Arte Brasil. Minha trajetória musical começou dentro de casa, onde recebi uma formação excelente. Minha família é praticamente toda de músicos. Minha mãe, a Profa. Dra. Maria de Lourdes Sekeff, era uma grande pianista, pesquisadora e educadora musical. Meu pai vem de uma família de músicos, e sempre foi admirador musical e grande colecionador de obras de todos os gêneros, incluindo a música contemporânea. Meu avô paterno e meu tio-avô também eram compositores. Com minha mãe estudei piano, estilos musicais, formas, teoria musical, harmonia, análise e princípios da composição, incluindo música contemporânea. Com quatorze anos, tive meu primeiro contato prático-composicional com a música eletroacústica através de um gravador Revox quatro canais e dois microfones que meu pai adquiriu. Toda esta experiência constituiu um fundamento sólido para meu desenvolvimento posterior, que ocorreu nos palcos, dentro da Universidade e em centros de pesquisa nacionais e internacionais.



2) Você realizou estudos no Brasil e exterior. Pode falar um pouco ?

Quando entrei na faculdade de Composição e Regência na UNESP tive minhas primeiras experiências como aluno de música em uma instituição. Posteriormente realizei mestrado em composição na UFRJ e alguns anos depois terminei meu Doutorado em Comunicação e Semiótica-Artes na PUC. Todas estas Universidades tinham professores com sólida formação internacional e traziam freqüentes convidados internacionais, com destaque para a PUC que naquela época era 100% internacional. Depois do Doutorado passei a realizar inúmeras viagens para criação musical e pesquisa em diversos centros e universidades fora do Brasil, incluindo Inglaterra, Finlândia, Estados Unidos e Espanha, onde atualmente resido e atuo como pesquisador na Universidade de Valladolid. Desta experiência aprendi várias coisas importantes, entre as quais: aprendi a ter flexibilidade cultural por entrar em contato com matrizes culturais diferentes da brasileira (o que me enriqueceu muito como ser humano), e aprendi a avaliar melhor o valor de minha formação e daquilo que eu oferecia como compositor à música (passando a ter certeza que o que eu oferecia era de fato original).




3 ) Seu trabalho Modelagens que resultou numa série de criações com o mesmo nome. Qual a estética ou o desenvolvimento técnico destas composições ?

Compus treze modelagens, todas na década de 1990. Estas obras são para várias formações, incluindo solos, duos, coro, orquestra e música eletroacústica. Um dos conceitos-chave nestas obras é a manipulação do som e da arquitetura musical como matérias plásticas. Eu buscava uma similaridade entre a forma do material sonoro e o desenho global da obra, de maneira que esta interação se desse através de materiais e formas originais. Na Modelagem V, que é uma obra eletroacústica, o som de um arco de contrabaixo friccionando um prato de percussão é o ponto de partida da obra. Analisei a morfologia e o espectro deste som e o resultado foi utilizado para arquitetar o desenho global de toda a composição. No entanto os sons utilizados na composição são provenientes de diversas fontes sonoras que se comportam como se fossem o som do prato, mas na verdade são timbres completamente novos, diversas vezes divergentes entre si, mas que são unificados pela forma global da obra. A tensão dramática gerada entre a natureza dos materiais utilizados e a forma global que vai se constituindo gradativamente é emocionante. Envolve completamente a escuta em um universo musical inesperado e ao mesmo tempo coerente e convincente. A escuta termina por entrar em um universo sonoro surpreendente. Este procedimento ocorre de modo diferente em cada uma das Modelagens, e é muito produtivo porque permite gerar materiais novos a cada momento, assim como formas musicais sofisticadas, e toda uma metodologia original de tratamento harmônico-tímbrico, rítmico e melódico. Nas minhas últimas modelagens novas características começam a aparecer e, por isso, parti para a exploração de novos caminhos criativos.



4 ) Como você situa a musica contemporânea em seu repertório e em relação à sua estética musical ?

As Modelagens são reconhecidas pelo público como obras claramente contemporâneas. Evolon é minha primeira obra depois da Modelagem XIII e introduz elementos que já são antecipados em minhas obras anteriores, mas que só neste momento passam a se desenvolver. Um elemento chave em minhas obras recentes (de 2000 a 2009) é o uso da referência que alguns sons podem realizar a contextos e circunstâncias diversas. Estas referencias dão densidade aos sons. Estes sons, agora, são mais que somente objetos sonoros, e podem realizar vários tipos de transferências de significado de um universo musical a outro, criando uma operação sobre o sentido musical que é incrivelmente positiva e envolvente. A tensão dramática das Modelagens agora se transforma em um dramatismo entre os significados que um determinado segmento musical pode ter em uma obra. Esta transformação no sentido é uma verdadeira revelação para a escuta, e gera uma fruição musical muito especial e refinada. Em meu Prelúdio, para piano, escutamos materiais que inicialmente parecem que irão formar uma clara idéia musical. Posteriormente parecem que se desenvolvem, finalmente parece que a obra se dirige ao seu final. Mas os materiais praticamente não se modificam! Como podem mudar de sentido desta maneira? Na verdade, na sua totalidade, a obra não é nada mais que uma coda realizada com materiais que se simplificam progressivamente. Uma longa coda sem nenhum início, sem nada que venha antes, mas nossa escuta insiste em buscar este início, e toda uma reinterpretação dos materiais passa a ocorrer de modo intenso e dinâmico. Este tipo de proposta composicional tem um efeito impressionante na escuta, em nossas emoções e em nosso intelecto. Isto que estou fazendo, no entanto, não entra no paradigma mais comumente reconhecido como “música contemporânea”. Trata-se de algo diferente, um passo adiante que trabalha não mais sobre a matéria sonora e sim diretamente sobre o sentido musical, seja com matérias sonoras tipicamente contemporâneas ou não. Esta operação de mudança de sentido eu denominei retórica. Estas operações retóricas podem ser muito diversas, e são verdadeiros achados musicais que me dão muita flexibilidade e abertura musical, mas hoje reconheço que merecem um nome diferente de “música contemporânea”.





Entrevista de Edson Zampronha ( Parte II )


5 ) Em sua formação, quais músicos e compositores você considera influência ou contribuição em sua carreira ?

Quanto mais escuto música mais aprendo com o que escuto. Luca Marenzio, Vivaldi, Bach, Domenico Scarlatti, Beethoven, Debussy, Stravinsky, Schoenberg, Messiaen, Pierre Schaeffer e György Ligeti. Suas obras me influenciaram de maneira substancial e me sinto grande devedor a eles. Em 1986 eu compunha um concerto para piano e orquestra quando pela primeira vez escutei em casa Atmosferas, de G. Ligeti. O resultado foi avassalador! Não pude terminar o concerto. As perspectivas que se abriam eram imensas, e repensei tudo o que tinha feito até então. Este concerto ficou incompleto, e em seu lugar fiz uma Ópera que se chama Composição para Músicos e Atores.



6 ) É interessante seu trabalho na área da educação musical. Fale um pouco disto e do livro “Notação, Representação e Composição”.

Minha pesquisa sobre música e composição está dividida em três grandes áreas: (1) pesquisa sobre novos sons e diferentes formas com que podem ser conectados (que essencialmente é uma técnica composicional); (2) pesquisa sobre o sentido, o discurso e o conteúdo musicais, buscando saber como são construídos e que efeitos artísticos podem gerar a partir de uma operação sobre eles (que é um estudo sobre propostas poéticas, em particular sobre o que denominei retórica), e (3) pesquisa sobre os suportes e a influencia que exercem na criação musical. Este último tópico é abordado pelo livro Notação, Representação e Composição, no qual afirmo e demonstro que a escrita musical (ou, de modo mais geral a representação) é o meio que utilizamos para pensar a música. Ou seja, não pensamos a música em um universo mental e a representamos em um universo gráfico diferente. Estes dois universos são essencialmente o mesmo. E isso ocorre também quando consideramos músicas sem escrita, o que fica claro quando expando o conceito de notação no de representação. Enfim, nunca temos contato direto com o som puro, somente com uma representação dele que pode ter várias formas (gráfica, gestual ou de outra natureza). A conclusão necessária é que nunca saímos do universo das representações. E se isto é assim, então é possível realizar alterações no ambiente das representações, como é o caso da notação musical (ou de outra representação equivalente) para então passar a pensar a música de modo diferente e, assim, poder gerar um resultado musical novo. Os resultados desta operação são efetivamente perceptíveis, são muito eficientes e realmente desenvolvem a mente composicional proporcionando outros modos de pensar a música. Modos de pensar que podem gerar músicas incrivelmente originais.



7 ) Quais prêmios você recebeu como compositor ?

Dentre os vários que recebi gostaria de destacar os seguintes: duas vezes premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA (1993 e 1996) e Primeiro Lugar no 6º Premio Sergio Motta de Arte e Tecnologia – 2005 pela instalação Atrator Poético que realizei juntamente com o Grupo SCIarts. Quando era estudante recebi prêmios que foram grandes estímulos para mim: 1º Lugar no Concurso Ritmo e Som da UNESP (1985), 1º Lugar no Concurso de Composição da TV Cultura-Programa Allegro (1987), e 1º e 2º lugares no Troféu Bach de Composição (1982). Dois outros prêmios recentes e bem interessantes porque são coletivos e para projetos, são o Prêmio PAC 27 da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, para a apresentação de 6 concertos sobre minha obra, e o Prêmio FUNARTE de Dança Klauss Vianna – 2009, para a realização do espetáculo [5.sobre.o.mesmo], que inclui música de minha autoria e que será estreado em março deste ano. Mas o maior prêmio que recebo a cada concerto é a aprovação do público e dos intérpretes.


8 ) Como está a divulgação do seu trabalho no exterior ?

Tenho recebido diversas encomendas e tenho participado de projetos muito interessantes e desafiadores, tanto como compositor como pesquisador, e isso ocorre porque meu trabalho tem tido um contínuo e crescente reconhecimento. Obras para balé, minha primeira sinfonia, um novo CD só com obras minhas, e muitas viagens programadas, tudo para 2010. Ainda não tive a oportunidade de compor uma obra para cinema, que é algo que seria um delicioso desafio. Também tenho publicado vários textos que sintetizam parte de minhas propostas musicais, e uma síntese de parte de minhas investigações musicais deverá ser publicada em um novo livro no início de 2011. Estou muito contente e estimulado com todos estes resultados.



9 ) Zampronha, agradeço imensamente o tempo que nos reservou para esta entrevista e desejo um 2010 de muitas realizações e novas conquistas para seu trabalho. Deixe o espaço para você falar com nosso público. Muito obrigado e grande abraço !

Agradeço a oportunidade desta entrevista ao Blog Arte Brasil e desejo poder cumprimentar a todos os leitores em meus próximos concertos.

Biografia Resumida do compositor Edson Zampronha



EDSON ZAMPRONHA (Rio de Janeiro, 1963) recebeu diversos prêmios, entre os quais se destacam dois prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o
6º Prêmio Sergio Motta, o mais importante prêmio em
Arte e Tecnologia do Brasil, pela instalação
Atrator Poético realizada com o Grupo SCIArts.


Tem recebido encomendas de diversos grupos e instituições, como do Museum für Angewandte Kunst, em Colônia (Alemanha) para a Copa do Mundo de Futebol 2006;
da estilista María Lafuente para seu desfile na
Passarela Cibeles 2006 (Madri, Espanha) e da
Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, para o
100º aniversário da Pinacoteca de São Paulo em 2005.

Suas obras tem sido apresentadas em algumas das principais salas de concerto da música clássica e contemporânea, como no Auditório 400 do Museo Nacional Reina Sofía em Madri, no CBSO Centre de Birmingham, Inglaterra e no Teatro Municipal de São Paulo, Brasil.

Suas composições estão incluídas em dois CDs totalmente dedicados às suas obras (CD Sensibile e CD Modelagens), e em outros treze CDs lançados por diferentes selos e instituições.
Como divulgador da música atual ministrou inúmeros cursos e conferências como no Museo Reina Sofía em Madrid, na Universidade de Manchester, Inglaterra ou no Centro Cultural São Paulo, Brasil.


É Investigador junto à Universidade de Valladolid, Espanha. É Doutor em Comunicação e Semiótica – Artes – pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), é Mestre em Composição Musical pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e realizou pesquisa de Pós-doutorado na Universidade de Helsinque (Finlândia). Foi Professor de Composição na Universidade Estadual Paulista – UNESP por 16 anos.

É autor do livro Notação, Representação e Composição


Um dos mais originais compositores da atualidade
Revista Bravo! (São Paulo, Junho-2007)

A obra de Zampronha tem quebrado o circuito especializado e ganho espaços e audiências antes desconhecidos pelos compositores eruditos
Revista Concerto (São Paulo, Dezembro-2006)

Um dos principais compositores da nova geração erudita brasileira
O Estado de São Paulo (São Paulo, Junho-2005)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Concerto do Grupo Retratos ( Choro )



CARNAVAL 2010

Atuar como coordenador artístico do Carnaval de Londrina 2010 foi uma experiência maravilhosa e quero agradecer a todos os apoiadores e patrocinadores do evento, à Liga das Escolas de Samba de Londrina e Norte do Paraná ( pela oportunidade ), às Escolas Quilombo dos Palmares, Garotos Unidos da Zona Sul, Gaviões Londrinense, Alegria da Passarela e Explode Coração e aos seus dirigentes. Agradecer também à equipe de coordenação, aos amigos maravilhosos que me auxiliaram, ao corpo de jurados e a todos que se fizeram presentes, no Autódromo, em 14/2.

Grande abraço a todos e mais uma vez: obrigado !!!!

( Aldo Moraes )

NOTAS CULTURAIS

1) O Neuma Ensemble Universitário de Música Antiga, dirigido por Elimar Plínio Machado, completa em 2010, 15 anos de atividades. Estão previstos vários concertos do grupo surgido em Londrina, inclusive apresentaram nesta semana a missa Feria Quarta Cinerum, voltada à quarta-feira de cinzas. Parabéns ao trabalho e ao aniversário do Neuma !


2) Abertas as inscrições para seleção da Banda Jovem Municipal " Maestro Leonel Rossetin" para adolescentes entre 10 a 14 anos, até 4 de março.
Informações Casa de Cultura de Guarapuava ( 42 ) 3621-4580


3) Artistas plásticos, designers e publicitários podem inscrever, até 19 de março, trabalhos para concorrer ao concurso que selecionará o cartaz da 8ª edição da feira" UFPR Cursos e Profissões".
O prêmio é de R$ 2.500,00.

Informações: Comunicação da UFPR
Rua Dr Faivre, 405 Edifício Dom Pedro II, Centro
( 41 ) 3360-5007


4) O Departamento de Cultura de Jacarezinho recebe até 20 de março, inscrições para o Salão de Artes Plásticas que será realizado de 6 a 30 de março.
Informações ( 43) 3911-3024


5) A Fundação Cultural de Umuarama está com inscrições abertas para a oficina de teatro que será ministrada de 22 a 28 de fevereiro pelo dramaturgo César Almeida. Gratuito, com carga horária de 28 horas.
Informações : ( 44 ) 3621-4112


6) 43º Concurso Internacional de Violão Clássico Michele Pittaluga
Prêmio Cittá di Alessandria
www.pittaluga.org
concorso@pittaluga.org


7) 9º Concurso Internacional de Composição para violão clássico Michele Pittaluga
até 16/6
www.pittaluga.org
concorso@pittaluga.org


8) Prêmio Internacional Nocera Poesia ( Itália )
Inscrições até 30/5
sabatolaudato24@alice.it


9) Em entrevista ao jornalista Marcos Losnak ( Folha de Londrina, de 19/2), o dramaturgo Mário Bortolotto anuncia estréia da peça" Música para ninar dinossauros" que acontece no dia 18 de março no Festival de Teatro de Curitiba e o lançamento dos livros " Um lugar legal prá morrer ( poesia); " DJ, Canções prá tocar no inferno" ( contos) e uma coletânea de suas peças preferidas. Recuperando-se do atentado que sofreu durante assalto ao grupo Parlapatões, na Praça Roosevelt, no Centro de São Paulo, Bortolotto fala do prazer que sente por seu trabalho e das perspectivas para 2010.


10) O Maestro, arranjador, compositor e clarinetista Vítor Gorni apresenta seu cd “ Entre Eles”, que traz 13 composições instrumentais e todas de autoria do regente da Big Band Londrina.
Para adquirir o cd, entrevistas ou outras informações: ( 43) 3254-5306


11) O jovem jornalista Renato Fiorin Júnior acaba de receber o 1º prêmio na “ Sessão Oral de Temas Livres do 1º Congresso Brasileiro sobre a Arte e o Canto de Maria Bethânia”, em Salvador ( BA). Renato Fiorin Jr desenvolveu um trabalho amplo de pesquisa sobre o show Rosa dos Ventos, de 1971/ 72 , com direção de Fauzi Arap e que revolucionou a percepção do espetáculo no Brasil.


12) Exposição de esculturas do Edson Massuci, intitulada” Dia a Dia”
Local: Casa de Cultura José Gonzaga Vieira
Avenida Higienópolis, 1910 Londrina PR
Fone : ( 43 ) 3344-4987



13 ) Lançamento do livro “ Código de Guerra”, ficção sobre o Japão feudal, de Gerson Leão
Contatos : ( 43 ) 3347-5847


14) Autores de todo o Brasil podem enviar textos para o livro-coletânea “ Balaio das Letras”
Regulamento em : www.balaiodasletras.com.br


15) O jornalista e ator Rafael Arruda continua pontuando novidades em seu programa” Entretendo”, na Tarobá ( afiliada londrinense da Band). Ele esteve no Festival de Berlim, entrevistando grandes estrelas do cinema mundial e mostrando os bastidores desta festa que premia filmes e profissionais que foram destaque em 2009. Há 10 anos, o filme Central do Brasil, seu diretor Walter Salles e Fernanda Montenegro receberam o Urso de Ouro, naquele momento que foi o renascimento do cinema nacional.
Veja Entretendo : www.taroba.com.br/entretendo

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Estreia da ÓPERA DE RUA

O maestro Jorge Antunes escreveu nova ópera, em novo gênero a que ele chama "Ópera de Rua".Ela será estreada no próximo dia 20 de fevereiro, às 16 horas, na Praça Vermelha do Conic, em Brasília, com entrada franca.

TÍTULO DA ÓPERA:Auto do Pesadelo de Dom Bosco

A obra se constitui em uma atividade cultural na rua, em trabalho de democratização da cultura, de estetização da prática da cidadania, de contestação e de crítica e protesto contra a corrupção local nos poderes constituídos.

O libreto completo está em:http://www.americasnet.com.br/antunes/opera-de-rua

O enredo se passa num Tribunal da Idade Média, com o julgamento de corruptos. O Juiz dá direito de defesa a todos. O povo se inflama e acusa. Todos são condenados.A linguagem musical usa o modalismo, alternando estéticas medieval e nordestina.Galhardas e Motetos se alternam a Baiões e Repentes. A proposta recupera as atuações de menestréis e cantadores na rua, mesclando erudito e popular. O grupo que apresentará a ópera de rua é formado de mais de 70 pessoas, com cantores, músicos instrumentistas, coristas e dançarinos.

Eis o elenco completo: Meirinho – JORGE ANTUNES, regenteJuiz Voxprópolis – MARCOS GEVANO ZELAYA, barítonoBurgomestre Leo Bardo Pro-Dente – YONARÉ BARROS, tenorMonarca Xaró Parruda – THIAGO ROCHA, barítonoSuserano Paul Batávio - MARCOS SFREDO, tenorVassalo Borval da Bóza, HUGO LEMOS, barítono-baixoIoarrín Kouriz, Rei do Gado, Senhor da Bezerra d'Ouro - TIMM MARTINS, barítonoBruxa Ouvides Grito – KARINA MARTINS, mezzo-sopranoReverendo Benedictus Dormindo - THIAGO ROCHA, barítonoPríncipe Augustus Baralho – RAPHAEL FREITAS, tenorVassalo Rogê Rolíces - REULER FERREIRA, tenorGran Vizir Ben no Início Tavares - EDUARDO CARVALHO, barítonoTruão Pônei Nêmer – EMMANUEL MOREIRA, tenorVassalo O Vilão Aires – MARCOS SFREDO, tenorReverendo Júnior Embromélli – TIMM MARTINS, barítono ORQUESTRAFlauta e flautim – Sidnei MaiaClarinete – Felix AlonsoClarone – Fernando Henrique MachadoViolinos – Marcus Lisbôa Antunes e Renata Tavares LinharesViolões – Álvaro Henrique e Luiz DuarteTiorba – Diogo QueirozTeclado – Rênio QuintasBaixo elétrico – Roberto Pimentel (Bob Py)Percussão – Carlos Augusto (Carlitos) e Éveri Sirac GRUPO DE DANÇA“LE ROI DANSE”Coreografia - Maria do Carmo Poggi Merino (diretora do ballet Ettude Seasons)Bailarinos - Daniela Aguiar, Paula Abreu, Karla Bortoni, Thomas Cortes, Miguel Vieira, Yuri Briedes CORO DO POVOAda-Karin Salomão, Alan Viggiano, Caroline Chahini, Celso Alcântara Alcântara, Christiane Dantas, Claudia Bugarin, Cleiniva, Daniela Fioravanti, Desine Alves, Dolores Pierson, Edna Sueli Zschaber Mavgnier de Castro, Eliane Ribeiro Alexandre, Elisabete de Almeida, Elizabeth Azeredo, Ioleth Porto, Jane-Maria Araujo, João Mendonça de Amorim Filho, Karina Cury, Luana Benício Elizabeth Paes Jardim, Luiz Ribeiro, Marcia Regina Santos, Maria Arnete, Maria Coeli de Almeida Vasconcellos, Mariléia Costa Mauro, Norita Portilho, Nena Medeiros, Niamara Nascimento, Paulo Cesar Farias Ferreira, Sonia Palhares Marinho, Sandra Michelli Gomes, Rejane Bezerrra, Rosana de Cássia Alves da Silva, Renata Borges, Thais Silva Cordeiro, Valéria Almeida, Wilma Ramos.

SERVIÇO:Auto do pesadelo de Dom Boscoópera de rua, em um ato, de Jorge AntunesPraça Vermelha- Ary Para-Raios / CONIC – Brasília – DF20 de fevereiro de 2010, 16 horas
Entrada franca
Classificação etária: livre.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010


O GRANDE ARNAUD RODRIGUES

Faleceu ontem, no Rio de Janeiro o humorista, redator e músico Arnaud Rodrigues (Serra Talhada, Pernambuco, 6 de dezembro de 1942 — Lajeado, Tocantins, 16 de fevereiro de 2010).

Integrou a equipe de redação do Chico City, no período mais criativo de Chico Anysio e escreveu para os mais cultuados programas de humor da Tv Globo. No quadro em que homenageavam os Novos Baianos, Rodrigues pôde mostrar seu talento como ator, redator e músico, pois apresentava-se ao violão, com paródias e mesmo composições próprias.

Lançou discos solos e na novela" Roque Santeiro", de Dias Gomes, interpretou o cego Jeremias, que tinha visões futurísticas e que pedia esmolas na praça, ao som de um violão regionalista.

Nos últimos anos, era contratado do SBT e integrava a equipe de redação e de atores da Praça é nossa.


MARCOS GÓES, ESCRITOR E HUMANISTA

Faleceu, surpreendendo a todos os amigos, o londrinense Marcos Góes. Político, Pensador e Escritor, que vinha nos últimos anos, desenhando uma carreira literária interessante, Góes também se dedicava ao rádio-jornalismo, numa das mais antigas emissoras de Londrina: a Rádio Londrina.

Conheci Góes nos bastidores da política, nos idos de 2002 e nos identificamos de pronto, com sua maturidade, transparência e tolerância adquirida na diversidade dos momentos ideológicos e históricos da política local. Foi leal ao seu grupo e manteve nos últimos anos, uma identidade muito forte com o interior de um homem que se preparava a cada instante para se superar. Portanto, era também fiel a si mesmo e sei que estava num momento muito feliz.

Escrevo com grande sentimento, pois era tão bom encontra-lo pelo Calçadão de Londrina, com sua esposa Lú. Escrevo ao som do Prelúdio da Suíte número 1 para violoncelo solo, de Bach, que é o único compositor que pode nos consolar neste momento.

Os anjos estão felizes com sua chegada e nós, cá na terra, tristes com sua partida.

Seus livros, a história de vida e seu pensamento podem ser conhecidos no site:

www.marcosgois.com.br

( Aldo Moraes, 16 de fevereiro de 2010 )

Lançamento



sábado, 13 de fevereiro de 2010

OSUEL

No Paraná, de forma lamentável, o Governo do Estado baixou um decreto que pode prejudicar as orquestras sinfônicas das Universidades Estaduais. É o caso da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina ( OSUEL ) que com a redução de cargos comissionados na instituição, perde, a partir de março, os cargos de chefes de naipe e de maestro em sua constituição.

Sabemos do trabalho grandioso dos músicos da OSUEL e da luta do Reitor Wilmar Marçal e da Diretora da Casa de Cultura, Janete El Haouli, para tornar a orquestra uma referência nacional. E cumprimentamos pela contribuição que têm dado à OSUEL e ao panorama cultural em nossa região, pois a UEL influencia artistas, intelectuais e formadores de opinião, por sua gestão democrática e baseada na diversidade estética.

Conheça a Rádio UEL FM, com ampla programação de Música Brasileira, Erudita, Jazz, Choro e Instrumental:

www.uel.br/uelfm


MANDELA, 20 ANOS DA LIBERTAÇÃO

Esta semana, o grande líder humanitário Nelson Mandela e o mundo ocidental lembraram os 20 anos de sua libertação pacífica, o que significou também um novo tempo para o povo negro da África do Sul e a possibilidade de um governo mais democrático e que unificasse a população daquele país. Mandela foi eleito Presidente, em 1994 e ampliou o diálogo em busca da pacificação entre brancos e negros e, focou a reconstrução democrática e civil do país.

Símbolo mundial, Mandela tem hoje 91 anos e tem merecido homenagens de governos, artistas, esportistas, pacificistas e religiosos por todo o mundo. É uma lenda viva e uma das grandes biografias do século XX.



Visite o site:
www.mandelafoundation.org

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010




Pena Branca (1939 - 2010)

Cantor, que formou dupla com o irmão Xavantinho, representava a música caipira de raiz.

A música sertaneja de raiz autêntica, aquela feita por gente do Interior cantando as coisas do Interior, perdeu um de seus maiores representantes: o cantor mineiro Pena Branca, 70 anos (1939 – 2010).

Vítima de infarto, José Ramiro Sobrinho morreu no final da tarde de segunda-feira, em São Paulo, depois de cinco décadas de trajetória – boa parte delas ao lado do irmão Ranulfo Ramiro da Silva, o Xavantinho, falecido em 1999, com quem deu voz a canções como Cio da Terra, Cálix Bento e Que Terreiro É Esse.

Pena Branca era um dos últimos sobreviventes de uma geração que consagrou o estilo caipira de cantar, tocar e contar histórias. Ele e Xavantinho eram cantores desde os anos 1950, mas só consolidaram mesmo a carreira a partir da década seguinte, quando deixaram a zona rural de Uberlândia – onde foram criados e tiveram de trabalhar desde a perda do pai, em 1950 – e foram tentar a sorte em São Paulo. Na metrópole, conheceram outros artistas que fizeram história na música sertaneja – como Tonico e Tinoco, com quem muito dividiram o palco nos anos 1970, e Milionário e José Rico. Esses últimos seguem na ativa, assim como um já quase nonagenário Tinoco ainda arrisca seus trinados em aparições eventuais.

Pena Branca também vinha levando a carreira num ritmo mais manso. Entre seus trabalhos mais recentes, estão a participação no DVD No Auditório Ibirapuera (2007), de Renato Teixeira – amigo e parceiro com quem Pena Branca e Xavantinho gravaram o histórico disco Ao Vivo em Tatuí (1992) –, e o álbum solo Cantar Caipira (2008). Mas, há 25 anos, os irmãos mineiros tinham agenda cheia entre shows e compromissos de TV e rádio.


Cantor ganhou o Grammy Latino com álbum solo lançado em 2000


A consagração começou quando a dupla, acompanhada por 16 violeiros da Orquestra de Guarulhos e por um naipe de percussionistas, foi para a final do festival MPB 80, em 1980, com a canção Que Terreiro É Esse. Em seguida, os irmãos gravaram o primeiro LP, Velha Morada. Pena Branca e Xavantinho ainda iriam lançar juntos mais nove álbuns, com destaque para Cio da Terra, de 1987, com a regravação da faixa-título, canção escrita em parceria por dois medalhões da MPB, Chico Buarque e Milton Nascimento.

Mesmo um tanto tardio, não faltou reconhecimento oficial aos talentos vocais e criativos de Pena Branca e Xavantinho, contemplados em 1990 com o Prêmio Sharp de Melhor Música, por Casa de Barro, e Melhor Disco, por Cantadô de Mundo Afora. O álbum ao vivo com Renato Teixeira também ganharia troféus – nos prêmios Sharp e APCA – em 1992. Dos três discos solo lançados por Pena Branca desde a perda do irmão, o que mais se destacou foi o primeiro, Semente Caipira (2000), que levou o Grammy Latino no ano seguinte, na categoria Álbum Sertanejo Brasileiro.

Entre as tantas canções do repertório da dupla, estavam clássicos como Cuitelinho, Luar do Sertão e Tristeza do Jeca. Uma síntese da trajetória dos irmãos está no segundo CD solo de Pena Branca, Canta Xavantinho, que inclui curiosidades como a última gravação feita por Xavantinho, Meu Céu – cuja letra descreve bem o último dia de Pena Branca, antes de sentir-se mal e ser encaminhado para o Pronto Socorro do bairro Jaçanã, onde morava com a mulher, Maria de Lourdes: “Armei a rede na varanda / Afinei minha viola / Sabiá cantou comigo / Mandou a tristeza embora / No lugar aonde eu moro / Solidão não me amola (...) Não é o céu / Conforme eu aprendi / Mas se Deus achar por bem / Pode me deixar aqui”.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010




Entrevista para o blog Arte Brasil
Compositor Andersen Viana


É com grande satisfação que nesta edição entrevistamos o brilhante compositor brasileiro Andersen Viana, que expõe sua visão sobre o mundo musical e outras questões que envolvem a sociedade brasileira, o mercado, a política e sobretudo a criação artística. Com a palavra, Andersen Viana !


1) ( Pergunta Aldo Moraes ) Andersen é um prazer ter você falando com o público que acompanha nosso blog. Poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória?


( Responde o compositor Andersen Viana )

Claro.

Nasci em Belo Horizonte (MG) em 1962. Iniciei meus estudos musicais aos 12-13 anos estudando violão com o Prof. Nelson Piló e em casa sob orientação de meu pai, posteriormente me matriculando na Escola de Música da UFMG. Finalizo o Doutorado em Música pela Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, e especializei-me em Música para Cinema nas seguintes instituições musicais no Brasil, Itália e Suécia: Reale Accademia di Bologna, Arts Academy of Rome, Accademia Chigiana di Siena, Royal University College of Music de Estocolmo e UFMG. Tive como professores: meu pai - Sebastião Vianna, revisor de Villa-Lobos - Ennio Morricone, R.Gnatali, Oilliam Lanna, A.Bosmans, Paulo Bosísio, entre muitos outros. Recebi 20 premiações no Brasil e exterior, incluindo: 1º Lugar no Concurso Internacional de Composição ”Lys Music Orchestra 2001”, na Bélgica, 1º Lugar e “Prêmio do Público” no Concurso Internacional de Composição Lambersart 2006”, na França.


Em meu catálogo atual constam 267 obras, compostas para vozes, instrumentos acústicos e eletrônicos. Em 2002, realizei uma das raras gravações de um maestro-compositor brasileiro na direção da renomada orquestra européia Moravska Filamonie, da República Tcheca e em 2007 gravei minhas obras com a Orquestra Russa Estatal de Cinema em Moscou. Além da música trafego em outras áreas da cultura. Após ter freqüentado oficinas de textos, roteiros de cinema com Ana Miranda, Paulo Halm e Cláudio Mac Dowell, lancei em 2005 meu primeiro livro de ficção: Contos Cinematográficos Volume I. Tenho desenvolvido estudos e trabalhos nos seguintes países além do Brasil: Bélgica, EUA, Suécia, Grécia, Honduras, Itália, França, Portugal, Rússia, República Tcheca, Reino Unido e Bulgária.


Atualmente atuo como maestro-compositor, produtor cultural e leciono diversas matérias musicais no Palácio das Artes e Música de Cinema, na Escola Livre de Cinema, ambos em Belo Horizonte, além de eventualmente ministrar palestras em universidades pelo país e exterior. No âmbito do cinema que atualmente me interessa, compus e produzi música para os seguintes filmes: A Cartomante, Retalhos do Taquaril (Claudio Costa Val), Bem Próximo do Mal, Jogando para o Amanhã, O Próximo Passo, Gun’s Speech, Trem Fantasma, 3:00:AM (Sérgio Gomes), Corações Ardentes (Ray Evans), Filhos de Adão (Afonso Nunes), Perdidos em Abbey Road (Denis Curi), Vivalma (Rubens Câmara), Manuelzão e Bananeira (Geraldo Elísio), Ofélia (Fernanda Marçola), Opostos (Eduardo Rennó), Minas Portuguesa (Paulo Augusto Gomes), O Homem da Cabeça de Papelão (Carlos Canela), Condenado (Carlos Magno e Carlos Canela) e Ser Humano (Fernado Pinheiro).


DISCOS GRAVADOS: Orchestra Virtual (1995), Sinfonia 2 (1998), Moravian Philharmonic Orchestra (2002), A Nova Música de Minas (2004), The Russian State Symphonic Orchestra (2007), Paisagem Lunar: Moonscape (2009)




2) Tenho acompanhado muitas noticias sobre você nos últimos anos. Pode nos falar como é o seu processo de criação?


Desde as mais remotas eras o ser humano procurou um meio de expressar-se. Ora para aplacar as forças da natureza, para invocar as divindades que as governavam, ora para celebrar algo que fosse importante para o grupo, representando de formas variadas fenômenos e seres ao seu redor. O canto de um Xamã invocando as divindades, esculturas entalhadas em pedra, imagens e pinturas representativas de animais, deuses e semideuses são os primeiros passos da grandiosa aventura criativa da civilização. A priori não poderia existir uma única fórmula que fosse apreendida e ensinada como um padrão efetivo no processo da criação conceitual e artística.


O dilema e a grande dificuldade de qualquer forma de expressão de arte atualmente existente – ou a ser ainda desenvolvida – residem também na multiplicidade e diversidade da natureza do meio do realizador, bem como de seu modus operandi. Se por um lado as facilidades trazidas pela moderna tecnologia realizam tarefas de extrema complexidade nunca antes imaginadas a um custo de produção muito baixo, a profunda compreensão dos meios de criação e produção de nossos antepassados não está tendo a devida atenção. Essa constatação remete-nos a uma padronização conceitual e intelectual de baixo nível, superficial, com pouco conteúdo, baseando-se em valores que se estruturaram e se consolidaram nos últimos trinta anos.


Esses mesmos valores e conceitos são direcionados exclusivamente pelo mercado, com suas relações de investimento e retorno financeiro, gerenciados pela fórmula dos quatro pês (do marketing). Loops, templates, samplers, copy and paste são alguns exemplos do processo criativo contemporâneo. A técnica – computacional ou não – substituiu a criatividade e o processo de "artesanato artístico" por algo já esperado, padronizado e pasteurizado. Os fazedores de arte e de cultura reproduzem padrões, as agências anunciam, os comerciantes vendem e o público consome. Uma cadeia que nos remete a um conto de João do Rio, do início do século XX: O homem da cabeça de papelão. Felizmente, na "contracultura da mediocridade" anda a grande maioria dos escritores e dos cineastas, teatrólogos, pintores, companhias de balé e alguns músicos e grupos musicais alternativos, os quais desenvolvem produtos, idéias e conceitos inovadores que podem trazer visões realmente diferenciadas em um mundo em constante transformação.



3) Você tem idéia de quantas obras musicais já escreveu? 267, um pouco mais, um pouco menos.


3.1) E os recitais e concertos que foram memoráveis para você?


1980: Recital no Minas Tennis Club como flautista solo, 1989 Instrumental de Casaca em parceria com o pianista Eduardo Hazan, 1986 Suite Floral Sala Funarte Sidney Miller, 1992 Amazônicas n1 na Sala Palestrina da Embaixada do Brasil em Roma, 1995 Orchestra Vistual, Gravação do Noneto de Estocolmo, 2002 Gravação com a Moravska Filarmonie (República Tcheca), 2007 Gravação com a The Russian State Cinema Symphony Orchestra em Moscou, 2009 Paisagem Lunar: Moonscape Teatro Sesi Holcim.


ENTREVISTA ANDERSEN VIANA ( Parte II )

4) Quais as maiores influencias em sua formação de compositor?

Bach, Vivaldi, Mozart, Beethoven, Brahms, Bizet, Leoncavallo, Puccini, Villa-Lobos, Debussy, Ravel, Strawinsky, Schoenberg, Piazolla, Gershwin, Alfredo Vianna (Pixinguinha), Morricone, Miklós Rózsa...


5) Como músico, você acompanha a música contemporânea ?

Não mais. Tive um acidente em 1998 que inviabilizou minha mão direita. Mas estou sempre ligado no que acontece, e gosto de tudo, se bem que agora estou direcionando todos os meus esforços no desenvolvimento de uma obra Híbrida (veja no site: www.youtube.com/user/TheAmadeusProd )



6) Andersen, como você avalia o mercado e o espaço na mídia para o compositor no Brasil?

Este ente assombroso intitulado por "mercado" á algo assustador para as mentes mais sensíveis. O que observei em 32 anos de atividade é que aquele que produz conhecimento (neste caso, estruturas sonoro-ritmicas e lítero-musicais) é a ponta da pirâmide, a parte mais fraca da cadeia produtiva. Este espaço seria pequeno para um assunto tão vasto, que está relacionado diretamente a fatores tais como a economia, política e educação, abrangendo áreas tão vastas tais como a de relações públicas e O PRÓPRIO SISTEMA CAPITALISTA EM SI.


E no exterior ?

Apesar de parecer inserido, sempre fui um outsider, ou seja, nunca consegui me inserir do modo que havia previsto quando comecei os meus esforços intelectuais há 32 anos atrás. Todos os discos que gravei, produzi sozinho, bem como um material (cerca de 267 obras) que abrange gêneros musicais tais como o experimental, vanguarda, MPB, Jazz, e música para filmes (que pode conter absolutamente todos juntos).


7 ) Quais os principais prêmios que você já recebeu como compositor ?

1984 - 1 Lugar no I Concurso de Composição para Instrumento de Sopro (Coomusa-Rio de Janeiro)
1986 - Concorrência Funarte Rio de Janeiro – Sala Sidner Miller
1989 - “Scholarship Award” – Berklee School of Music – Boston- EUA
1992 - Arts Academy of Rome – “Premio di Studio” – Anzio Music Festival – Itália
1993 – Prêmio IILA – Istituto Italo-Latino Americano di Roma
1996 - 1 Prêmio no II Concurso Nacional de Composição – UFMG – ABC
1998 - 1 Prêmio no I Concurso Nacional de Composição César Guerra-Peixe – Funarj –EMVL, Rio de Janeiro
1998 - 2 Prêmio no II Concurso Nacional de Composição Camargo Guarnieri – OSUSP
2001 - Prêmio especial do júri “Melhor Trilha Sonora” Super 8 – Festival de Cinema de Gramado – RS

1 Lugar no Concurso de Composição Funarte - RJ (Categoria III)
2 Lugar no Concurso de Composição Funarte – RJ (Categoria V)
2 Lugar no Concurso de Composição Funarte – RJ (Categoria VI)
Prêmio do Júri Popular Funarte
1 Prêmio no I Concurso Internacional de Composição Lys Music Orchestra – Bélgica
2004 – 1 Lugar no II Premio Gilberto Mendes de Composição
2006 – 2 Lugar no Concurso de Composição “Hino da UFBA”
1 Prêmio no Concurso Internacional de Composição de Lambersart – França
Prêmio do Público – Concurso Internacional de Composição de Lambersart - França
2009 – Menção Honrosa BAM Composition Competition



8 ) Acompanhamos que você tem encontrado grande receptividade para suas obras em editoras internacionais. Fale um pouco destas conquistas para nosso público.


Algumas partituras editadas apenas no exterior foram fruto de árduos esforços pessoais de relações públicas, também através da internet, bem como do resultado de concursos. As perspectivas para os jovens compositores serão ainda melhores de quando comecei, na década de 1970. Porque, além de se possuir acesso a praticamente toda a teoria e prática produzida pela humanidade, existem muitas possibilidades de inserção dedicadas apenas aos jovens com delimitação de faixa etária.


9) Abro o espaço para você falar com nosso público e agradeço imensamente o tempo que você nos reservou para conceder esta entrevista. Faremos de tudo para tê-lo em breve conosco em Londrina, pois ouvi algumas de suas obras e sei que será inesquecível para nossa região, recebê-lo pessoalmente. Obrigado !


Vejo o quadro político-cultural da atualidade com otimismo através de uma melhora considerável. Quando comecei não existia o que existe hoje em matéria de apoio governamental. Era tudo apadrinhamento político, e todos da direita fascista. Uma vergonha. Alguns destes, hoje recebem reconhecimento público e premiações em âmbito nacional com dinheiro público. Algo lamentável. Contudo, estou muito feliz com este progresso, mas, precisamos nos equiparar aos nossos colegas europeus, canadenses, japoneses, norte-americanos... Para tanto temos que trabalhar muito mais duro ainda, bem como aumentar e democratizar os recursos para a área cultural e efetuar parcerias entre órgãos da educação e cultura em níveis local, regional, nacional e internacional.


Nome: Andersen Viana
Contato para encomendas e concertos:
Fone : 3221.3855 (recados secretária)
Email : vianabr2005@yahoo.com.br
Site: www.andersen.mus.br