quinta-feira, 3 de dezembro de 2009




ENTREVISTA BHALL MARCOS ( I )

Figura impar em nosso meio, por seu humor e talento, o artista plástico Bhall Marcos é entrevistado do blog Arte Brasil e conta um pouco de sua trajetória, sua visão das artes na cidade de Londrina e sobretudo fala de sua estreita ligação com a cultura brasileira. Bhall é amante das artes, da música, da poesia e da história de homens e mulheres negras que construíram este Brasil de cores que impressionam o mundo. Com a palavra, o próprio artista :

1) ( Aldo Moraes pergunta ): Bhall Marcos, é uma satisfação enorme ter você falando com o público que acompanha nosso blog. Poderia nos contar um pouco sobre sua infância ?


( Bhall Marcos responde ) : A satisfação é toda minha!
A minha foi uma infância agradável! Mesmo sendo oriundo de uma família pobre, posso afirmar que tive uma infância rica. Nossas brincadeiras eram saudáveis, fazíamos nossos brinquedos ( Carrinhos de rolemã/ bilboquês/ cavalinhos de pau/ barquinhos de madeira/...) .Ganhei meu primeiro brinquedo tecnologicamente evoluído
quando completei 12 anos, um Ferrorama XP 300.
Filho de pai semi-analfabeto e de mãe analfabeta, mesmo assim recebi deles muito carinho, apoio e um direcionamento de vida.





2) Como foi seus primeiros contatos com arte e de que forma, você começou a escrever ?



Meu primeiro contato se deu com a poesia, aos 14 anos li numa revista, alguns poemas do poeta gaúcho Mário Quintana, encantei-me tanto com o jeito despojado com que ele escrevia, que corri atrás e li e reli toda a sua produção. Depois conheci a literatura de Drummond, Ferreira Gullar, então notei que não tinha mais volta, sob a influência desses três monstros sagrados (depois vieram outros) comecei a redigir meus primeiros versos.
Foi por meio da poesia que cheguei ao teatro; eu, o saudoso poeta Arnaldo Ribeiro juntamente com a atriz Cirene C. formamos o “Grupo Piratas do Palco”. O grupo teve vida curta, apenas uma peça, mas foi através dessa peça que as artes plásticas foram apresentadas à mim.
Certo dia após um ensaio na Secretaria da Cultura de Londrina, recebemos o convite para visitarmos uma exposição de artes que aconteceria na Galeria Banestado. Exposição de um artista brasileiro, radicado na Holanda.
Durante a exposição, sob o efeito de algumas taças de vinho, eu olhei para uma das telas abstratas e falei:
-Ah... jogar tinta na tela assim, eu também sei fazer!
Acontece que o artista, que eu não conhecia, estava ao meu lado, então ele me desafiou a fazer uma pintura e levar para ele ver...Afinal ele estaria na cidade por duas semanas.
Sinceramente, eu tentei...mas não consegui fazer nada convincente, ou mesmo que parecesse arte abstrata. (Risos). Claro, que não fui mostrar nada para o artista, mas resolvi que seria uma questão de honra produzir uma pintura legal. Então eu passei a pesquisar tudo o que encontrava sobre artes plásticas.
E deu nisso! Estou envolvido com telas e pincéis há 19 anos!
Agora também estou enveredando-me para o mundo da fotografia!




3 ) A Londrina, de vinte anos atrás era mais efervescente na área cultural ou está melhor hoje? Como você avalia ?


Sem dúvidas, 20 anos atrás era bem melhor! Havia mais espaços que
se abriam para receber todas as artes; a Secretaria da Cultura era atuante, traziam artistas de renome para expor na cidade, havia grande troca de informações, tínhamos bons grupos de teatro, a poesia estava num crescente, tinha galerias de arte que divulgava os artistas plásticos da cidade.
Hoje infelizmente Londrina tornou-se um cemitério culturalmente falando; vive-se de promover festivais, lotam a cidade temporariamente com forasteiros, quando encerra o festival, eles se vão, e os holofotes se apagam para os artistas que aqui residem e produzem.
E o único projeto oficial (Promic) que poderia mudar esse panorama desolador, é destinado a algumas figurinhas marcadas!
Além do mais, os artistas de Londrina andam muito desunidos.




4 ) Quais os escritores, incluindo os locais, que você admira ?


Ah...são tantos, além dos três que já citei acima, gosto também de Maiakóvski, Walt Whitman, Eugênio de Andrade, E.M. Melo e Castro,
Leminski, Alice Ruíz, Mário Benedetti, Manoel de Barros, José Paulo Paes, Orides Fontella...
Local, gosto do Augusto Silva, e do Vanderlei Picon, este ainda não tem nada publicado, mas estou tendo o privilégio de acompanhar a sua boa produção.

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