quinta-feira, 20 de agosto de 2009



2009 e a memória da Música Brasileira


“ O folclore sou eu ” ( Villa Lobos )

Neste ano de 2009, temos várias efemérides importantes na música do Brasil: a começar pela lembrança dos 50 anos de morte do grande compositor e maestro Heitor Villa Lobos ( 1887-1959 ), figura das mais destacadas no cenário da música ocidental do século XX. Amigo de Andrés Segóvia, Arthur Rubenstein e do compositor francês Darius Milhaud , Villa Lobos escreveu obras que marcam a brasilidade artística : As 16 Cirandas, O Rudepoema e A Prole do Bebê para piano solo; A Série Bachianas Brasileiras para diversas formações, O Concerto para Violão e Pequena Orquestra, Sinfonias e Concertos para diversas formações, além de consolidar uma linguagem para o violão nacional, as harmonias modernas e pessoais e as polêmicas e geniais orquestrações. Criador da Academia Brasileira de Música, Villa Lobos influenciou e incentivou grandes artistas da geração que se seguiria à sua, como Tom Jobim, Camargo Guarnieri, Cláudio Santoro e os compositores Ernst Mahle e Marlos Nobre, ainda na ativa.

Alias, este ano marca também os 70 anos de idade de Marlos Nobre, um compositor de excelência que é muito admirado na Europa e em outros continentes onde suas partituras tem sido apresentadas. Moderno e com uma linguagem muito musical, Nobre tem peças para orquestra, piano, percussão e violão, como pode ser apreciado no disco “ Alma Brasileira” dos anos 80, dos irmãos Assad.


No campo da MPB, lembramos os 20 anos das mortes de Raul Seixas e Luiz Gonzaga, dois nomes absolutos em seus estilos. Raul pode ser apreciado para além da seara do rock ou da temática da rebeldia, com sua temática esotérica e do painel do Brasil social, cultural e político. Gonzagão modernizou e definiu a música nordestina, através de ritmos como o xote, o forró e principalmente o baião. Sua sanfona de acompanhamento tornou-se referência nacional e as composições do Velho Lua ( sobretudo com Humberto Teixeira) são um retrato do Brasil rural e urbano da segunda metade do século XX.


“ Doutor, uma esmola à um homem que é são: Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão “ (Luiz Gonzaga)

Em 2009, comemoramos os 75 anos de João Donato, pianista e compositor que em sua inspiração, integra a música nacional com a atmosfera do jazz cool, passando pela Bossa Nova e contribuindo com novas incursões sonoras e sua capacidade incrível de desenhos melódicos e harmônicos com poucos recursos. Imagine, um piano, um contrabaixo e uma percussão discreta estabelecendo uma harmonia que se confunde com o que denominamos melodia. Pois Donato é capaz disto e de produzir pérolas como “ A Rã ” com letra Bashoniana de Caetano Veloso.


E temos os 80 aos de Johnny Alf, o tímido cantor e pianista negro, cuja composição parece elevar-se acima dos homens e cuja obra precisa ser avaliada com mais atenção. Alf merece ser ouvido com seu piano característico e também nas interpretações de João Gilberto, Emilio Santiago e Leni Andrade.



Em 2009, o cantor e compositor alagoano Djavan faz 60 anos e é uma das marcas da moderna MPB. Para respaldar tal afirmação basta citar alguns de seus clássicos: Oceano, Mal de mim, Meu bem querer, Sina, Flor de lis e Faltando um pedaço.
Como querer Djavanear, o que há de bom ?

( Aldo Moraes / cantor e compositor )
Contatos : composermoraes@hotmail.com

Um comentário:

  1. Aspiramos não só a criar uma poesia internacional, mas uma poesia SUPRANACIONAL, por assim dizer uma poesia para o nosso planeta, a poesia como a música brasileira pela sua beleza e pela sua força e pelo amor dos seus intérpretes é universal. A MPB é um dos movimentos mais bonitos e mais importantes da cultura do Brasil e do mundo.

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